
Quando ligo a televisão para ver um bom jogo de futebol, há sempre duas ou três exigências que tenho na minha cabeça. Gosto de ver um jogo bem disputado, um bom espetáculo, mas há uma coisa que me satisfaz mais que tudo: aqueles jogadores que tornam tudo mais simples. Nem tudo tem de ser complexo, os movimentos, as marcações, os passes, as aberturas, os remates… há maneiras e maneiras de simplificar processos e definir jogadas com clareza.
Mas há uma maneira da qual sou fã, a magia, a leveza, o toque diferenciador que nem todos têm, mas que se está a perder ao longo do tempo. Dizem que Neymar foi o último grande intérprete do chamado “joga bonito”, um estilo de jogo que não olhava a estatísticas nem a resultados, olhava sim à plena conciliação de qualidade, irreverência e arte, em estado puro. Com a estrelinha do astro brasileiro perto de se apagar, havia receio em torno do seu sucessor, alguém que pudesse manter a chama do joga bonito acesa, alguém vindo do Brasil.
Mas o destino fintou toda a gente, e apesar do Brasil ter grandes craques a aparecer, com muito sangue quente nas pernas, como Estevão, por exemplo, há outro jogador que faz parar meia Europa do futebol com a sua boa ingenuidade. Este alguém é Désiré Doué, extremo do Paris Saint Germain formado no Rennes, que tem deixado toda a gente de boca aberta nos quatro cantos do mundo, seja pelas suas fintas, pela forma como lê o jogo ou pela forma destemida em como ataca a baliza adversária.
Désiré Doué é diferente, aliás se me perguntarem, vejo-o com plena capacidade para superar jogadores como Vini Jr ou Rodrygo naquilo que são as tarefas de um extremo, porque tem tudo e mais alguma coisa.
O seu futebol é muito evoluído e as comparações com Neymar não surgiram apenas por jogar no mesmo clube ou jogar no lado esquerdo do ataque, as comparações surgem porque os seus movimentos são mesmo parecidos com os do craque brasileiro. Tem aquela ginga que bem conhecemos, o movimento constante de anca característico dos brasileiros, aquele atrevimento espelhado no seu rosto, para além de ter um remate preciso, velocidade, e uma destreza no um para um que o torna de elite.
Aos poucos e poucos tem ganho o seu espaço neste PSG e também na seleção francesa, onde já começa a ser um dos habituais escolhidos, pela diferença positiva que impõe no jogo, e pelas soluções que o seu futebol oferece. Tenho a certeza que vai continuar a ser um dos destaques da turma de Paris, onde esta época soma 13 golos e 12 assistências em 45 jogos disputados, e vai elevar o seu nome à elite do futebol mundial.
Para mim, e se me perguntarem, Neymar ainda joga no Parque dos Príncipes, porque Désiré Doué encarnou o espírito do internacional brasileiro e o seu futebol… Agora já só falta a camisola 10 e o Ballon D’Or para superar o seu ídolo e a sua principal inspiração.
Certo é que o Paris Saint Germain está cada vez melhor, muito por culpa de Désiré Doué e companhia, que são a cara de uma nova geração, uma geração que vai certamente ganhar, com estilo, irreverência e efetividade máxima.
Há samba no Parque dos Príncipe, há Désiré Doué na cidade luz!