Às tantas, Luca Van Assche, outrora uma das esperanças do ténis francês e vencedor de Roland-Garros em juniores em 2021, servia para confirmar a sua terceira presença consecutiva no quadro principal do seu Slam caseiro, em frente ao seu público. Com 5-4 no marcador, o gaulês chegou ao 30-0. Estava a caminho.

Do outro lado estava Henrique Rocha, o número 3 português, 201.º ATP, que via a odisseia para chegar pela primeira vez a um quadro de um major tornar-se, de novo, numa quimera, depois de ter sido eliminado também na 3.ª ronda do qualifying no Open da Austrália.

Assim não aconteceu. Depois de ter vencido o primeiro set (6-3), perdido o 2.º no tie-break (7-6) e de já ter recuperado de um precoce break abaixo no terceiro, o portuense encheu-se de fé, fez três pontos seguidos, quebrou o adversário e evitou a derrota, empatando tudo de novo num duelo nervoso e emotivo. Mas o tenista que treina no Centro de Alto Rendimento do Jamor não se ficou por aí. Assegurou de seguida o seu jogo de serviço e depois voltou a quebrar o francês, 179 do mundo mas que já foi top 70, garantindo num longo duelo de três horas a qualificação para o quadro principal, a primeira, aos 21 anos.

À falta dos azares que não querem, esta será a primeira vez que Portugal terá três tenistas no quadro principal masculino de um torneio do Grand Slam. Tal podia ter acontecido em 2021, na Austrália, com João Sousa, Pedro Sousa e Frederico Silva, mas à última hora a covid-19 tirou João Sousa da competição. Desta vez, Henrique Rocha junta-se a Nuno Borges e Jaime Faria, que entraram diretamente no quadro. O número 1 nacional joga frente ao qualifier francês Kyrian Jacquet, já Faria terá pela frente o talentoso norte-americano Jenson Brooksby na 1.ª ronda. Os dois portugueses estreiam-se já no domingo em Paris.

Henrique Rocha terá como adversário o experiente georgiano Nikoloz Basilashvili.