
David Luiz, defesa-central de 37 anos que passou pelo Benfica, recordou, em entrevista ao Globo Esporte, do Brasil, o período em que jogou de águia ao peito, entre 2007 e 2011, na qual define Jorge Jesus como o treinador que mais potenciou as qualidades que tinha. O brasileiro afirma que, nessa altura, teve oportunidade de trocar os encarnados pelo FC Porto, mas, graças a conselho do pai, não o fez, e recorda a adaptação a lateral-esquerdo, num clube que fez dele «mentalmente muito forte».
«Assim que cheguei tive de entender logo onde estava. Só tinha contrato de janeiro até abril. O treinador era Fernando Santos, que foi campeão europeu por Portugal. Percebi logo que tinha de ter uma mentalidade diferente para jogar», começou por dizer David Luiz, que, agora, representa o Fortaleza. «Comecei a jogar, consegui a renovação e tive a oportunidade de ir para o FC Porto, mas o meu pai disse-me: 'Não cuspas no prato onde comeste'», adicionou ainda o defesa.
A carreira de David Luiz no Benfica não foi passada só no eixo da linha defensiva, a posição que tinha como favorita. Mas, como o próprio diz, «não havia espaço no meio, Luisão e Sidney estavam muito bem». «Perguntei ao treinador: 'De que precisas?' Ele disse que não tinha lateral-esquerdo e comecei a treinar ali, a ver vídeos, a ver o Maldini, tudo isso para me preparar. Joguei quase um ano ali, até me encontrar com o Jorge.» Trata-se de Jorge Jesus, que, recentemente, definiu o brasileiro como o jogador com a melhor mentalidade com que trabalhou.
«Ele [Jesus] potenciou-me de maneira surreal. Sabia que eu faria o que me pedisse. Estava totalmente preparado por causa desse caminho de dificuldade. Lesão, sair da terceira divisão do Brasil para a primeira em Portugal. Do calor para o frio. Cheguei a Lisboa e o meu empresário teve de me dar a camisola. Nem os repórteres me reconhecerem como novo reforço do Benfica... Foi o meu primeiro tudo na Europa. Até experimentar um fato foi engraçado, todas essas as coisas do clube, que é muito grande. Foi o máximo, foi a preparação para me tornar mentalmente muito forte», elogiou o defesa.
Na mesma entrevista, David Luiz lembrou as passagens por Chelsea, onde se sagrou campeão europeu, e pelo PSG. «O Chelsea viveu um dos melhores momentos da história e fiz parte disso. Ganhei a primeira Liga dos Campeões do clube e, depois, voltei e ganhámos a Premier League, depois de muitos anos sem a conquistar. Tive uma identificação muito clara com o clube, que se expandiu por tudo o que conquistámos», assinala em relação aos blues. Sobre os parisienses, diz que ficou um «gostinho». «Foi maravilhoso viver a segunda fase do crescimento do PSG. Ganhei todos os títulos franceses durante os dois anos em que lá estive. Infelizmente, não ganhámos a Champions, ficou esse gostinho, mas fui muito feliz.»
David Luiz deixou, ainda, elogios a Arteta, por quem foi treinado no Arsenal. «O Lampard chegou ao Chelsea e, na pré-época, vi que o estilo de jogo não me agradava. Fui para o Arsenal no último dia do mercado. No primeiro ano, a final da FA Cup foi contra o Chelsea e fomos campeões. Foi uma transição de muita aprendizagem. Ir para o Arsenal foi muito bom para conhecer mentalidades diferentes e minha única tristeza foi não dar a Unai Emery o que ele merecia. Saiu seis meses depois e chegou Arteta, a quem sou grato por ter tido um dos melhores treinadores do mundo. Ele ajudou-me a olhar para o futebol de uma outra maneira. Aquela escola Guardiola. Gostava de ter sido treinador por ele...», adicionou.