O jornal inglês The Telegraph adianta, na sua edição online, esta sexta-feira, que Bruno Lage deu entrada com um processo no Supremo Tribunal inglês, num valor a rondar os 6 milhões de libras, cerca de 7 milhões de euros, por não ter sido ele o escolhido por John Textor para treinar o Crystal Palace ou o Lyon, algo que estaria contratualizado entre o atual técnico do Benfica e o empresário norte-americano, que é coproprietário dos ingleses e dono do Lyon e Botafogo, onde Lage treinou entre julho e outubro de 2023.

O jornal inglês teve acesso aos documentos do processo, que Textor contesta, onde estará comprovado que Bruno Lage e o empresário teriam, no Brasil, assinado um contrato, válido entre 1 de janeiro e 15 de abril de 2024, onde o norte-americano se comprometeria a «usar o seu poder por ser acionista maioritário do Crystal Palace e do Lyon» para dar o cargo de treinador de uma dessas equipas ao atual treinador das águias.

Em fevereiro do ano passado, os seagulls apresentaram Oliver Glasner como sucessor de Roy Hodgson, enquanto Pierre Sage substituiu Fabio Grosso no Lyon em novembro de 2023, primeiro de forma interina e depois a título definitivo até sair em janeiro deste ano, sendo rendido por Paulo Fonseca. Em relação ao clube inglês, Bruno Lage nunca foi apontado ao cargo, o que apenas aconteceu com os franceses, na altura da saída de Laurent Blanc, o antecessor de Grosso, em setembro de 2023.

Segundo avança o Telegraph, o contrato que Lage teria num desses clubes já estaria, inclusivamente, definido com Textor, numa ligação de dois anos, com salário líquido, para o treinador e a sua equipa técnica, de 2,75 milhões de euros anuais, livres de impostos. Como tal não aconteceu, ou seja, o português não foi trabalhar para Crystal Palace ou Lyon, John Textor entrou em incumprimento contratual, uma vez que teria até 29 de abril do ano passado para pagar a Lage o valor que tinham acordado, que o técnico estima ser de cerca de 7 milhões de euros.

Uma das cláusulas prevista nesse suposto vínculo «juridicamente vinculativo» também obrigaria o treinador do Benfica a pagar 3,2 milhões de euros a John Textor caso, durante esse período (1 de janeiro e 15 de abril do ano passado) fosse treinar outro clube que não Palace ou Lyon, o que também não aconteceu, já que só voltou ao ativo para, em setembro de 2024, substituir Roger Schmidt no Benfica.

John Textor já reagiu

Entretanto, a Eagle Football Holdings, empresa do norte-americano, já emitiu um comunicado de reação ao caso.

«A Eagle Football tem conhecimento de uma ação judicial apresentada contra si em nome de Bruno Silva do Nascimento (conhecido como Bruno Lage). A ação está relacionada com um litígio sobre a interpretação correta de um acordo histórico entre a Eagle e o Sr. Lage. A Eagle considera que o Sr. Lage não tem direito contratual aos montantes reclamados em seu nome. Por conseguinte, a Águia defenderá vigorosamente a ação e procurará recuperar os seus custos junto do sr. Lage. A Eagle Football regista que a reclamação de Bruno Lage se refere a uma alegada falta de oferta de emprego num dos seus clubes. A Eagle Football considera curioso que Bruno Lage se sinta lesado por este facto, uma vez que, como foi amplamente noticiado, abandonou efetivamente um dos clubes da Eagle Football, o Botafogo.»