Mentira, bomba e azar caracterizam os três golos de um jogo em que o Santa Clara saiu derrotado da Croácia, mas não desta 2.ª pré-eliminatória da Liga Conferência. Terá, porém, de provar no dia 31 no Estádio de São Miguel o que se viu em Varazdin: que é superior.

Um lance mentiroso colocou o Varazdin em vantagem, quando até esse momento nenhuma equipa tinha construído alguma situação de perigo, estando perfeitamente encaixadas e em fase de estudo mútuo.

Sem VAR, Luca Cibelli, árbitro suíço, equivocou-se aos 10 minutos quando assinalou uma grande penalidade por suposta falta de Lucas Soares sobre Belcar na área açoriana, que pelas imagens televisivas não se vislumbra, tendo Mamut aproveitado essa benesse para dar vantagem ao Varazdin. Com VAR, certamente que a decisão do árbitro seria revertida.

Essa decisão e o golo sofrido afetou o Santa Clara, que não foi tão intenso como o adversário. O Varazdin chegava sempre primeiro à bola e manietou a saída dos açorianos, obrigando-os ao erro junto à sua área. A libertação tardava em surgir e só perto da meia-hora é que Zelenika começou a ser incomodado, mas sem se sentir verdadeiramente em perigo.

Contudo, os açorianos levaram para o intervalo a certeza de que já tinham sarado as sequelas da má decisão do árbitro e olhavam para uma partida em equilíbrio. Um sentimento que deu motivação para enfrentar a segunda metade com outro espírito.

Carter deu o mote numa finalização de primeira nos primeiros instantes, com Zelenika a deter e o empate surgiu quase de seguida por Adriano Firmino. Lucas Soares ganhou junto à linha de fundo sobre Duvnjak, cruzou e Gabriel Silva atirou fraco, com a bola a ser aliviada para a entrada da área, onde estava Adriano Firmino que a dominou no peito e encheu o pé direito, atirando sem hipótese para o guarda-redes croata.

Anulada a vantagem e estando claramente por cima, embora tenha apanhado um susto quando Mamut surgiu à frente de Gabriel Batista, que defendeu com os joelhos, o Santa Clara desperdiçou boas ocasiões para se adiantar, com destaque para uma iniciativa de Serginho na direita que encontrou Gabriel Silva na boca da baliza sem conseguir dar o toque fatal, com a bola a sobrar para Wendel Silva, que viu Zelenika evitar o golo.

Se no primeiro golo sofrido o Santa Clara teve azar na decisão do árbitro, o infortúnio voltou a surgir nos minutos finais no segundo, quando Dabro apontou um livre direto com a bola a embater nas costas de Adriano Firmino e a enganar Gabriel Batista.   

As notas dos jogadores do Varazdin: Zelenika (7); Jovanov (5), Lamine Ba (6), Borac (5), Borsic (5); Marina (5), Duvnjak (6); Bockaj (5), Belcar (6), Vuk (5); Mamut (6), Jaime Sierra (5), Latkovic (5), Dabro (6), Skaricic (-) e Iuri Tavares (-)

As notas dos jogadores do Santa Clara: Gabriel Batista (7); Sidney Lima (5), Luís Rocha (5), MT (5); Lucas Soares (6), Pedro Ferreira (5), Adriano Firmino (6), Matheus Nunes (6); Vinícius Lopes (5), Anthony Carter (5), Gabriel Silva (6), Wendel Silva (6), Serginho (6), Frederico Venâncio (-), Paulo Victor (-) e Miguel Pires (-)

O que disse Vasco Matos, treinador do Santa Clara

«Não entrámos como queríamos e como tínhamos alertado a equipa. Nos primeiros 25 minutos não existimos e isso tem de ser um elemento para percebermos e podermos corrigir, porque a segunda mão e o jogo ainda está em aberto. A 2.ª parte é claramente nossa, criámos muitas situações de golo, depois quando nada fazia prever sofremos um golo e foi um forte soco no estomago. Mas a eliminatória está em aberto e nos Açores vamos estar muito fortes. Temos de dar uma grande resposta naquilo que é o nosso jogo e hoje aqueles primeiros 25 minutos não podem acontecer. Temos de estar muito fortes e focados, não basta parecer, temos de ser. Há situações que a mim não me agradam e isso tem de ser resolvido em jogo. Temos mais do que capacidade para dar a volta e com o apoio dos nossos adeptos vamos nos tornar mais fortes.»