A acusação de fraude fiscal envolvendo Jorge Mendes e a mulher, Sandra Mendes, trata-se de «uma chantagem mediática», segundo o advogado Luís Miguel Henrique, que falou a A BOLA sobre o assunto, na qualidade de consultor externo independente do universo empresarial do agente de jogadores e como amigo da família.

«Antes de mais, o caso não tem rigorosamente nada a ver com a Gestifute, com futebol ou com transferências, tem a ver com uma decisão que teve enquanto pai e marido e o equilíbrio que é preciso fazer, entre filhos de primeiro e segundo casamento», explicou a A BOLA.

E contextualizou: «Trata-se de uma doação feita em 2012. A Sandra é casada em segundas núpcias com separação de bens. Dado que o Jorge não tem família, porque o irmão faleceu num acidente de bicicleta, sempre se preocupou como ficaria a família se algo lhe acontecesse. É o quadro do marido e do pai de família que toma a decisão, de doar parte das ações à Sandra. É uma decisão familiar que nada tem a ver com o futebol. Foi uma doação para proteger, caso algo lhe acontecesse. A Sandra, a determinado momento, pediu ao Jorge para trocar as ações por dinheiro e é aqui que a Autoridade Tributária tenta arranjar uma teoria, porque não há uma prova, email, telefonema, documento.»

«Isto é basicamente uma chantagem mediática que está a ser feita pela AT junto do cidadão que é chefe de família e que tem como ponto fraco a família. Vê a sua família a ser atacada. Não há razão alguma para que seja um processo-crime, para cobrar uma alegada dívida fiscal sem qualquer elemento de prova, seja ele documento, mensagem, escuta telefónica, busca. E se calhar estamos a falar da pessoa em Portugal a quem mais reviraram a vida. Como não encontraram nada, inventaram esta tese da vida privada, da vida mais íntima do casal, para fazer pressão, para tentar obter cobrança de um dinheiro que não é devido», argumentou.

«O Jorge, contrariamente a todas as recomendações dos advogados, incluindo a minha, enquanto consultor independente, deu instruções para iniciar o pagamento, para que a esposa não tenha problemas. Como está a ser chantageado mediaticamente, vai proceder ao pagamento. Vai continuar a defender-se em tribunal para provar inocência. Já desencadeou o pagamento, para proteger a família e a esposa, num ato altruísta. A AT vem conspurcar um ato puro, de defender a família, e isso é imoral, incorreto», acrescentou.

«Desafio qualquer jornalista independente a encontrar uma única prova que seja no processo, seja ela documental, testemunhal, SMS, escuta telefónica... ou sinais de fumo. Pura e simplesmente não existe», reforçou, insistindo que «é tudo baseado em suposições que servem apenas o fim de uma chantagem mediática sobre um bom marido e chefe de família. Nada mais».