
I. Não é por ter o privilégio de ser seu amigo que escrevo este parágrafo. Faço-o porque é da mais inteira justiça e também porque o Fernando Pimenta é, de facto, um dos atletas mais excecionais da história do desporto.
Não são apenas os trunfos sucessivos (cá dentro e lá fora) a reafirmá-lo. É a sua inacreditável consistência ao longo do tempo, essa capacidade incrível de perdurar ao mais alto nível, derrubando barreiras com um profissionalismo difícil de igualar. De facto, os génios são valiosos porque escasseiam e Fernandos assim não nascem todos os dias.
Tudo isto redobra em valor quando se constata que o craque português especializou-se numa modalidade que exige força, técnica, estratégia, treino e enorme espírito de sacrifício.
Aos 35 anos (quase 36), o canoísta português continua a superar tudo e todos, trazendo ao país um orgulho imenso. O Fernando merece tudo de bom, porque nos oferece sempre o melhor.
II - Quem também continua a merecer os nossos mais rasgados elogios é João Almeida. O ciclista português venceu a mais recente Volta à Suíça, aumentando para nove (?) o número de triunfos só este ano. Aqui está o exemplo de outro atleta de exceção a quem Portugal tanto deve. Não se trata apenas de mais uma vitória para o nosso país. É também a sua visibilidade na imprensa internacional, a melhoria da imagem aos olhos dos outros e a atração turística que traz.
Quando o João - ou qualquer outro português - ganham lá fora, cá dentro ganhamos todos. Que venha o Tour e a Vuelta para abrilhantar ainda mais o percurso de um campeão que não tem mais nada a provar a ninguém.
III. Depois de, em fevereiro, Jéssica Rodrigues sagrar-se campeã mundial júnior em Patinagem de Velocidade, foi a vez da também portuguesa Matilde Antunes sagrar-se campeã mundial, ao vencer recentemente a Final Intercontinental da Taça do Mundo (cadetes).
Tal como o Fernando, o João e tantos outros atletas de tantas outras modalidades, estas duas jovens são a prova que este país continua a produzir talento em catadupa, merecendo apoio firme do Governo e das respetivas estruturas desportivas.
O sucesso dá muito trabalho e triunfar a um nível tão exigente está ao alcance de muito poucos. É preciso incentivar, acarinhar e criar condições de excelência para que todos estes desportistas tenham tudo o que precisam para manter-se na elite mundial. O nosso orgulho!
IV. A seleção portuguesa de futsal para atletas com Síndrome de Down conquistou o Campeonato da Europa na modalidade, vencendo na final a Turquia por 4-2.
Portugal também esteve em grande noutros eventos desportivos destinados a atletas com esta patologia: nos mais recentes Campeonatos Europeus SUDS (Special Olympics Unified Sports), a nossa seleção conquistou 84 medalhas no atletismo. A equipa, com quase cinquenta atletas, competiu em diversas modalidades.
V. Algumas arbitragens do Mundial de Clubes têm sido fortemente criticadas pela generalidade da imprensa desportiva. E a verdade é que na fase inicial da prova, assistimos a trabalhos de menor brilhantismo, a maioria protagonizados por árbitros cujas ligas domésticas são de menor qualidade. Essa falta de traquejo retira-lhes a experiência, confiança e maturidade que uma competição deste nível exige. É aí que se percebe a importância quotidiana de dirigir jogos de nível superior. É também aí que se percebe o que sabemos há muito tempo: tal como acontece com a qualificação das equipas, a nomeação para este tipo de eventos obedece a um conjunto de critérios geográficos, que naturalmente nem sempre privilegia a meritocracia.
Importa recordar que para este torneio a FIFA nomeou onze europeus, oito sul-americanos, cinco asiáticos, cinco africanos, cinco americanos (incluindo Caraíbas, América Central e América do Norte) e um neozelandês. As vivências, carreira e qualificação técnica de muitos deles é substancialmente diferente: basta referir que, em vários casos, as provas onde arbitram semanalmente são semi-profissionais ou amadoras.