
Donald Trump diz que Israel aceitou um cessar-fogo de 60 dias em Gaza, através de uma publicação na sua rede social Truth Social, esta terça-feira. O Presidente dos EUA ameaça ainda o Hamas: a situação no território só irá piorar se não aceitarem esse acordo.
"Os meus representantes tiveram hoje [terça-feira] uma longa e produtiva reunião com os israelitas sobre Gaza. Israel concordou com as condições necessárias para finalizar o cessar-fogo de 60 dias, durante o qual trabalharemos com todas as partes para pôr fim à guerra", escreve Trump, que agradece o esforço do Catar e do Egito, que irão "apresentar esta proposta final".
"Espero, para bem do Médio Oriente, que o Hamas aceite este acordo, porque a situação não vai melhorar - SÓ VAI FICAR PIOR", adverte depois o chefe de Estado, usando, como habitual, maiúsculas para sublinhar a ideia.
Na sexta-feira, Trump já tinha afirmado que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas "estava próximo", apesar de os combates continuarem no terreno.
Trump vai receber o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca a 7 de julho, numa altura em que o Presidente norte-americano intensifica a pressão sobre o governo israelita para negociar com o movimento islamita palestiniano Hamas um cessar-fogo e um acordo sobre a libertação de reféns.
O ministro israelita dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, está esta semana na capital norte-americana para conversações com altos funcionários do governo norte-americano sobre um cessar-fogo em Gaza, no Irão e noutros assuntos.
A rápida resolução da guerra de 12 dias entre Israel e o Irão reacendeu as esperanças de um fim para os combates em Gaza, onde mais de 20 meses de confrontos criaram condições humanitárias catastróficas para uma população de mais de dois milhões de pessoas.
Israel tem estado sob crescente pressão também devido ao sistema de distribuição de ajuda humanitária através de uma fundação e que exclui as Nações Unidas, que acusa de beneficiarem o Hamas.
Vários Estados-membros do Conselho de Segurança da ONU acusaram Israel na segunda-feira de ações "desumanas" em Gaza, criticando duramente o sistema de entrega de ajuda imposto por Telavive no enclave palestiniano e a violência que vigora na Cisjordânia.
"As medidas de entrega de ajuda de Israel são desumanas. As operações da Fundação Humanitária de Gaza [organização criada pelos Estados Unidos com o apoio de Israel], que deveriam salvar vidas, estão a causar muitas vítimas", afirmou o diplomata britânico Fergus Eckersle.
Centenas de organizações não-governamentais pediram hoje a dissolução do mecanismo de ajuda da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), depois de numerosos palestinianos terem morrido nas proximidades dos locais de assistência em Gaza. A GHF é apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.
"Os palestinianos em Gaza enfrentam uma escolha impossível: morrer de fome ou correr o risco de serem baleados enquanto tentam desesperadamente obter comida para alimentar as suas famílias", afirmaram mais de 165 organizações internacionais, num comunicado conjunto.
A guerra começou com um ataque sem precedentes do Hamas, a 7 de outubro de 2023, que causou 1219 mortos do lado israelita, na maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais. A operação de retaliação israelita causou, até agora, mais de 56.000 mortos palestinianos, na maioria civis, segundo os dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.