A juíza Rivka Friedman-Feldman atendeu ao pedido do Ministério Público para manter as datas previstas, considerando que "o primeiro-ministro não apresentou uma explicação pormenorizada nem qualquer motivo que possa justificar o cancelamento da sua presença", de acordo com o comunicado divulgado pelo canal N12.

O pedido de adiamento do julgamento teve na base motivos de segurança nacional, dada a guerra de Gaza e o recente conflito com o Irão.

Netanyahu está a ser julgado por três casos de corrupção, acusado de suborno, fraude e abuso de confiança. 

No primeiro caso, Netanyahu e respetiva mulher, Sara, são acusados de aceitar artigos de luxo, como charutos, joias e champanhe, no valor de cerca de 250.000 euros, provenientes de multimilionários, em troca de favores políticos. 

Nos outros dois casos, Netanyahu é acusado de tentar negociar uma cobertura mediática mais favorável em dois meios de comunicação israelitas.

O primeiro-ministro israelita nega ter cometido qualquer crime e afirma que todas as acusações foram inventadas num golpe político liderado pela polícia e pelo Ministério Público. 

O processo, em constante adiamento desde que foi aberto, em maio de 2020, parece longo e tudo indica que não haverá veredicto pelo menos até ao próximo ano.

Desconhece-se quando deverá agora Netanyahu comparecer nas audiências do tribunal.

Nos últimos dias, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aliado e amigo do primeiro-ministro israelita, pediu a anulação do julgamento, entendendo que se trata de uma "caça às bruxas". 

Os críticos de Netanyahu, como o líder da oposição e ex-primeiro-ministro, Yair Lapid, indicam que esses pedidos de adiamento, comuns desde o início da guerra de Gaza, não passam de evasivas.

"Parece-me que a pressão que Trump exerce sobre o caso", disse Lapid esta semana ao jornal Yedioth Aharonoth, "é uma forma de recompensar Netanyahu se ele puser fim ao conflito".

O porta-voz da coligação do governo israelita, Ofir Katz, criticou a decisão e afirmou que "a enorme lacuna e a magnitude da desconexão entre a realidade histórica israelita e o sistema jurídico é uma das maiores da história" do país.

 

JSD // JH

Lusa/Fim