
O desaparecimento do monge sénior Phra Thep Wachirapamok de um templo budista no centro de Bangkok fez soar os alarmes. Mas ninguém esperava o que estava por trás desta 'fuga': um escândalo sexual que levou nove monges a serem expusos.
Wilawan Emsawat, uma mulher tailandesa de cerca de 30 anos também conhecida por "Golf", é a segunda protagonista desta história. Na sequência do desaparecimento ocorrido em junho foi aberta uma investigação que não levou o Departamento Central de Investigação (CIB) da Polícia Real Tailandesa a descobrir o monge - cujo paradeiro continua a ser um mistério -, mas sim uma mulher que tinha mantido relações íntimas com vários monges séniores com o objetivo de os chantagear para manter os casos em segredo.
Ao revistarem a casa de "Golf", as autoridades encontraram telemóveis alegadamente com dezenas de milhares de fotos e vídeos comprometedores do monge desaparecido e de várias outras figuras budistas importantes. De acordo com declarações de Jaroonkiat Pankaew, do CIB, a polícia também verificou as suas contas bancárias que revelaram várias ligações a templos.
Mediante as descobertas na casa da tailandesa, foi efetuada a detenção com as acusações de extorsão, lavagem de dinheiro e recebimento de bens roubados. "Golf" conseguiu extorquir cerca de 385 milhões de bahts (10,2 milhões euros) ao longo de três anos, segundo revelaram as autoridades.
De acordo com o The Times, pelo menos nove abades e monges envolvidos no escândalo foram expulsos da vida monástica, informou o CIB da Polícia Real Tailandesa.
Tailandesa alega ter-se apaixonado e terá filho de monge
Em entrevista aos meios de comunicação locais antes a sua detenção, a mulher admitiu ter mantido relacionamentos com dois monges e um professor religioso, além de ter recebido presentes extravagantes como um Mercedes-Benz SLK200 e "milhões" de bahts (moeda tailandesa) através de transferências bancárias e um cartão bancário pessoal.
Assumindo a culpa pelos relacionamentos, alegou ainda ter-se apaixonado e afirmou que tinha dado dinheiro a um dos monges com quem se envolveu. De acordo com o jornal The Guardian, houve até um pedido de pensão de alimentos a um monge que, segundo ela, era o pai do seu filho.
Wilawan gravava os encontros sexuais que tinha para depois usar as imagens para chantagear os monges. Os investigadores encontraram mais de 80 mil fotos e vídeos.
Foi detida na sua casa de luxo no início de julho. As autoridades revelaram ainda que grande parte do dinheiro extorquido foi usado em apostas online ilegais.
Caso levanta questões sobre a lei: Mulheres deviam ser acusadas de crime?
A possível violação da regra do celibato para monges abalou as instituições budistas e tem chamado a atenção do público na Tailândia. Uma comissão do Senado da Tailândia propôs inclusive alterar a lei para permitir criminalizar mulheres que tenham relações sexuais com monges. A ideia gerou críticas que defendem que os homens deveriam igualmente ser responsabilizados pelas suas próprias ações.
Ainda no quadro da lei, as autoridades iniciaram uma investigação sobre as finanças, doações e comportamento dos monges em todo o país. O Escritório Nacional do Budismo da Tailândia, estará até a considerar reformas legais.
O caso provocou indignação nacional, debates sobre privilégios monásticos e apelos por mudanças legislativas no que diz respeito a instituições budistas da Tailândia.