
Nos últimos dias têm sido notícias diversas situações de possíveis sondagens falsas e 'fake news'. Por outro lado, há perfis falsos, nas redes sociais, que procuram influenciar opiniões.
Ontem, a agência Lusa publicou depoimentos de académicos que alertam para acções de desinformação que podem afectar a decisão dos eleitores.
Professores e investigadores académicos da área da desinformação e comunicação política consideram que na actual campanha eleitoral a imigração e a circulação de sondagens falsas são os principais temas de desinformação. Mas há mais, as próprias redes sociais estão a procurar 'limpar' muita coisa.
A investigadora de comunicação política da Universidade de Lisboa Susana Salgado verifica, na atual corrida eleitoral, "a circulação de sondagens falsas nas redes sociais, realizadas por empresas não credenciadas junto da ERC [Entidade Reguladora da Comunicação] e cuja metodologia poderá não ser fidedigna".
Recentemente, a ERC referiu que no contexto das eleições legislativas de 18 de maio "tem identificado a publicação de alegados estudos de opinião eleitorais, nas redes sociais, que não correspondem a sondagens realizadas por empresas credenciadas junto da ERC". Susana Salgado acrescenta ainda que "a produção de sondagens diárias também não é propriamente uma boa decisão editorial, uma vez que só por si pode ter esse efeito de manipulação (mesmo que não seja propositado)".
Por seu turno, para o professor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro João Pedro Batista o tema da imigração procura "normalizar ou legitimar determinados discursos, nomeadamente para criar ambientes de insegurança", aproveitando este receio para influenciar a estabilidade dos portugueses, referindo que "a desinformação é muito oportunista, no que diz respeito aos temas, à cobertura que se faz e vive muito do momento e da situação".
ERC averigua alegados inquéritos de opinião do 'site' Sondelcerto
Hoje, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) confirmou ter em curso um procedimento de averiguações sobre a realização e divulgação de alegados inquéritos de opinião do 'site' Sondelcerto.
De acordo com a ERC, "esta averiguação enquadra-se no trabalho de monitorização que a entidade tem vindo a conduzir com o objectivo de identificar situações com alto potencial desinformativo, no contexto das Eleições Legislativas 2025".
Tiktok remove 275 conteúdos e elimina 45.000 contas falsas
Também a rede social TikTok anunciou ter implementado um conjunto de medidas antes das eleições legislativas portuguesas e removeu "mais de 275 peças de conteúdo" que violavam as regras, incluindo desinformação, e mais de 45.000 contas falsas, anunciou hoje a plataforma.
A rede social lançou o Centro Eleitoral na aplicação "um espaço projetado para conectar os utilizadores com informações certificadas, incluindo recursos oficiais da Comissão Eleitoral, datas importantes sobre as votações e dicas para identificar desinformação" no seguimento das legislativas portuguesas.
Entre 14 e 27 de Abril, o TikTok "removeu 275 peças de conteúdo que violavam as políticas de integridade cívica e eleitoral, desinformação e conteúdo gerado por IA [inteligência artificial] - com mais de 98% dos conteúdos a serem removidos antes de receberem qualquer denúncia".
Além disso, "preveniu proativamente mais de 1.400.000 gostos falsos e mais de 942.000 pedidos de seguidores falsos, e bloqueou mais de 7.400 contas de 'spam' de serem criadas em Portugal".
De acordo com a rede social, foram removidas "mais de 45.000 contas falsas, mais de 390.000 gostos falsos e 26.000 seguidores falsos". O TikTok lançou um Hub Global de Integridade Eleitoral, "fornecendo dados fidedignos sobre os esforços de fiscalização relacionados com as eleições em vários países".