O recandidato a primeiro-ministro comprometeu-se a não promover alterações no sistema de Segurança Social "na próxima legislatura" se vencer as eleições, depois de o líder do PS ter acusado a AD de querer a sua privatização parcial.

Estas posições foram assumidas no único frente a frente entre Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos antes das legislativas antecipadas de 18 de maio, transmitido em simultâneo por RTP, SIC e TVI.

Pedro Nuno Santos comprometeu-se a, se ganhar, extinguir o grupo de trabalho "criado para a privatização da Segurança Social", o que foi de imediato contestado pelo primeiro-ministro.

"Então o dr. Pedro Nuno Santos está chateado porque o Governo que eu lidero está a estudar aquilo que o governo de que ele fez parte mandou fazer? Não tem limites à utilização demagógica, deturpada dos argumentos políticos. Nós estamos simplesmente a analisar as conclusões do seu estudo, do estudo que o senhor encomendou", afirmou.

Montenegro reiterou o compromisso de que um eventual executivo PSD/CDS-PP não irá fazer "nenhuma alteração ao sistema de Segurança Social nesta legislatura".

"E se algum dia eu, enquanto líder do PSD, ou chefe de governo, tiver de a propor ao país, será na base de uma decisão eleitoral", acrescentou.

Na resposta, o líder do PS disse ter dificuldade em acreditar que as conclusões desse estudo, dada a sua composição, possam ser diferentes do que disse ser o projeto de sempre da AD: "a privatização parcial do sistema público de pensões".

"Aquilo que o Luís Montenegro aqui nos diz é que concorda com a alteração. Não tem é coragem para fazer já nesta eleição", disse, perante os protestos do primeiro-ministro que repetia "isto não é sério",

Também na área da habitação, os líderes do PS e do PSD estiveram quase sempre em divergência, concordando apenas no impulso à construção, mas discordando em tudo o resto, nomeadamente na proposta de Pedro Nuno Santos de utilizar parte dos dividendos da Caixa Geral de Depósitos neste propósito.

"Ainda estamos a pagar hoje o desinvestimento na habitação que as ideias que o doutor Pedro Nuno Santos trouxeram, tal como ele não foi capaz de nos deixar o financiamento", criticou o primeiro-ministro.

Às acusações de Pedro Nuno Santos de que o Governo não está a ser capaz de pagar a tempo os apoios ao arrendamento, Montenegro admitiu problemas, mas atribuiu-os à eliminação de "alguns critérios que afastavam os jovens, nomeadamente de haver um teto máximo da renda".

No que diz respeito aos jovens, o líder do PS acusou o atual Governo de "dar com uma mão e tirar com a outra", dizendo que o executivo da AD pretende descongelar as propinas, o que não foi desmentido pelo primeiro-ministro.

"Os jovens são uma prioridade quanto baste para campanha. Na realidade, naquilo que interessa, seja na habitação, seja nos cursos de ensino superior, seja na devolução dos custos com a propina, o governo da AD não compareceu", acusou Pedro Nuno Santos.

Na resposta, Montenegro aproveitou para devolver ao PS uma acusação que lhe tem sido feita de "governar só para alguns".

"O passe gratuito sub-23 nos transportes públicos e o IRS eram só para estudantes, não eram para todos os jovens como são agora. Nós governamos para todos", disse, com Pedro Nuno Santos a insistir que medidas como a isenção de impostos e a garantia pública na compra da primeira habitação não chegam à maioria dos jovens.