A Rússia libertou uma ex-bailarina com dupla nacionalidade russa e norte-americana que tinha sido condenado por traição, em troca de um russo-alemão detido nos Estados Unidos, anunciou esta quinta-feira a diplomacia e a imprensa norte-americanas.

Ksenia Karelina, também identificada nos meios de comunicação social como Ksenia Khavana, está "num avião de regresso aos Estados Unidos", escreveu o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, nas redes sociais.

A antiga bailarina foi detida na cidade de Yekaterinburg, nos Montes Urais, em fevereiro de 2024, e condenada por traição em agosto desse ano.

O Primeiro Departamento, um grupo de defesa dos direitos dos cidadãos russos, afirmou que as acusações resultaram de uma doação de 51,80 dólares (cerca de 47 euros, ao câmbio atual) a uma instituição de caridade norte-americana que ajuda a Ucrânia.

As autoridades norte-americanas consideraram o processo contra Karelina "absolutamente ridículo".

"Foi injustamente detida pela Rússia durante mais de um ano e o Presidente [Donald] Trump conseguiu a sua libertação", congratulou-se Rubio, também citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

De acordo com o Wall Street Journal (WSJ), a Rússia obteve em troca a libertação de Arthur Petrov, um russo-alemão detido em 2023, acusado de exportar ilegalmente componentes eletrónicos para a Rússia para uso militar.

Petrov foi detido em 2023 em Chipre a pedido dos Estados Unidos por alegadamente exportar microeletrónica sensível para a Rússia.

Foi extraditado em agosto de 2024 e enfrentou acusações de violações do controlo das exportações, contrabando, fraude eletrónica e branqueamento de capitais.

Uma das acusações referia-se a um esquema de aquisição de componentes eletrónicos provenientes dos Estados Unidos, em nome de um fornecedor russo, essenciais para fabricantes que fornecem armamento às forças armadas da Rússia.

Karelina terá obtido a nacionalidade norte-americana por casamento, depois de se ter mudado para Los Angeles.

Foi detida quando regressou à Rússia para visitar a família em 2024.

O Serviço Federal de Segurança russo (FSB) alegou que Karelina "recolheu proativamente dinheiro no interesse de uma das organizações ucranianas".

Segundo o FSB, o dinheiro foi "posteriormente utilizado para comprar material médico tático, equipamento, armas e munições para as forças armadas ucranianas".

A Rússia está em guerra com a Ucrânia, que invadiu em fevereiro de 2022, e proíbe quaisquer manifestações de apoio dos russos aos ucranianos.

O advogado de Karelina, Mikhail Mushailov, disse que a ex-bailarina estava a voar para os Estados Unidos a partir de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, onde a troca teve lugar.

O Wall Street Journal publicou a notícia citando o diretor da CIA, John Ratcliffe, que, segundo o jornal, assistiu à troca no aeroporto de Abu Dhabi.

O emirado foi anteriormente palco de outra troca de prisioneiros de alto nível entre os Estados Unidos e a Rússia, quando a estrela de basquetebol Brittney Griner foi trocada pelo traficante de armas Viktor Bout em dezembro de 2022.