A Rússia espera "algum progresso" nas conversações sobre o conflito na Ucrânia, previstas para segunda-feira na Arábia Saudita com os Estados Unidos, e leva uma atitude "combativa e construtiva", disse este sábado um dos negociadores de Moscovo.

"Esperamos fazer pelo menos algum progresso", declarou Grigory Karasin ao canal de televisão estatal russo Zvezda.Durante as discussões separadas dos Estados Unidos com as delegações de Moscovo e de Kiev, está em cima da mesa a possibilidade de uma trégua de 30 dias nos ataques a infraestruturas e alvos energéticos, que ambos os lados já sinalizaram a sua aceitação, estando em aberto a possibilidade ser alargada a outras ações militares.

"A mentalidade de Sergei Orestovich Besseda, o outro negociador russo) e minha é combativa e construtiva", acrescentou Karasin, na véspera da sua viagem para a Arábia Saudita, onde os negociadores declaram ter "a intenção de lutar para resolver pelo menos um problema".

Moscovo aceitou apenas trégua parcial

A Ucrânia, sob pressão da administração do Presidente norte-americano, Donald Trump, pretendia um cessar-fogo total, mas, segundo o Kremlin, o Presidente russo, Vladimir Putin, levantou "questões importantes" e aceita apenas uma trégua parcial.

Na sexta-feira, uma autoridade ucraniana que falou à agência France Presse (AFP) sob anonimato explicou que Kiev esperava, durante as negociações na Arábia Saudita, chegar "pelo menos" a um acordo sobre uma trégua parcial com a Rússia, abrangendo o setor energético, as infraestruturas e o Mar Negro. A delegação ucraniana será chefiada pelo ministro da Defesa, Rustem Umerov.

Antes das reuniões na cidade saudita de Jeddah, a diplomacia russa avisou hoje a Ucrânia que responderá se as suas infraestruturas continuarem a ser atacadas.

"Advertimos firmemente que, se o regime de Kiev continuar o seu percurso destrutivo, o lado russo reserva-se o direito de responder", disse Maria Zakharova, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Zakharova apontou os ataques na passada semana contra instalações nas regiões russas de Kursk e Krasnodar, que atingiram uma estação de compressão de gás e um depósito de petróleo, respetivamente.

"É evidente que, com estas ações, Kiev está mais uma vez a demonstrar a sua incapacidade para cumprir os acordos, bem como a sua falta de vontade para alcançar a paz", acusou.

Até agora, de acordo com o Kremlin, Vladimir Putin não revogou a ordem de cessar os ataques que transmitiu numa conversa telefónica a Donald Trump, embora os bombardeamentos contra outro tipo de infraestruturas no país vizinho tenham continuado na noite passada.

Rússia lançou cerca de 200 drones

A Força Aérea ucraniana indicou este sábado que a Rússia lançou cerca de 200 drones durante a noite contra as regiões de Zaporijia (sul), Kharkiv (leste), Sumy (nordeste) e Kiev (norte), dos quais cem foram intercetados.

A Rússia também anunciou ter abatido 47 drones lançados pelas forças ucranianas durante a noite sobre várias regiões russas e o Mar Negro e o Mar de Azov.

Moscovo declarou uma trégua energética unilateral na terça-feira, mas que Kiev ainda não correspondeu, uma vez que está pendente das negociações agendadas para segunda-feira.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pretende que a trégua inclua todas as infraestruturas civis, e não apenas a energia, e enviou uma lista aos Estados Unidos para análise de Moscovo.

Zelensky disse ainda que os drones ucranianos continuarão a atacar alvos em território russo até que a trégua seja selada por escrito.

A nova fase de contactos segue-se a telefonemas mantidos na semana passada pelo Presidente norte-americano com Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky.