
A Rússia revelou hoje a composição da sua delegação à ronda negocial na Turquia sobre a guerra na Ucrânia, confirmando a ausência do Presidente Vladimir Putin e até do seu ministro dos Negócios Estrangeiros.
Segundo informação divulgada hoje pela presidência russa, a delegação à reunião, prevista para quinta-feira em Istambul, será liderada pelo conselheiro presidencial Vladimir Medinsky, pelo vice-ministro dos Negócios Estrangeiros Mikhail Galuzin e pelo vice-ministro da Defesa Alexander Fomin.
Medinsky já havia liderado as negociações com o governo ucraniano em 2022 em Istambul.
Segundo meios de comunicação social russos citados pela agência Ukrinfom, a delegação aprovada por Putin inclui ainda o chefe da Direção Principal do Estado-Maior-General das Forças Armadas Russas, Igor Kostyukov.
Putin aprovou ainda um grupo de especialistas para participar nas conversações, incluindo Alexander Zorin, vice-chefe do Departamento de Informação do Estado-Maior General das Forças Armadas; Elena Podobreevskaya, vice-chefe da Direção Presidencial para a Política Humanitária do Estado; Alexei Polishchuk, diretor do Segundo Departamento de Países da Comunidade de Estados Independentes no Ministério dos Negócios Estrangeiros; e Viktor Shevtsov, vice-chefe da Direcção Principal de Cooperação Militar Internacional do Ministério da Defesa.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, havia apelado à participação de Putin e afirmou hoje que a sua posição nas negociações sobre o conflito na Ucrânia iria depender de quem representasse a Rússia no encontro.
Ao mesmo tempo, o líder ucraniano disse estar pronto para "qualquer tipo de negociação" para pôr fim à guerra, iniciada em fevereiro de 2022 com a invasão russa.
"Estou à espera para ver quem chega da Rússia. Depois decidirei que medidas a Ucrânia tomará. Os sinais nos meios de comunicação social ainda não são convincentes", declarou Zelensky no discurso diário, quando a participação de Putin ainda era incerta.
Mencionou também a possível presença do Presidente norte-americano, Donald Trump, em Istambul, considerando que este podia ser "o argumento mais forte" para a deslocação de Putin.
O líder ucraniano reiterou que a decisão sobre o cessar-fogo e o futuro da guerra está nas mãos de Moscovo.
"A Ucrânia está pronta para participar em qualquer formato de negociação, e não temos medo de reuniões", afirmou.
Até agora, a Rússia e a Ucrânia mantiveram o suspense sobre o formato das conversações de paz em Istambul, local da última reunião dos dois beligerantes, há três anos.
Na Turquia já se encontra o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Andrii Sybiga, mantendo-se ainda a dúvida sobre a participação do próprio Zelensky.
"A delegação russa aguardará a delegação ucraniana em Istambul", disse o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, na conferência de imprensa diária por telefone, sublinhando que a proposta de Putin de retomar as negociações com Kiev "continua em vigor".
Donald Trump admitiu hoje possibilidade de viajar para a Turquia, se Vladimir Putin fizesse o mesmo.
Nos últimos dias, Zelensky pediu ao homólogo russo que participasse pessoalmente nestas discussões, inicialmente anunciadas pelo líder do Kremlin e que visavam abrir um processo diplomático para encontrar uma solução para o conflito.
Entre os potenciais chefes da delegação russa, além do próprio Putin, foram apontados em meios de comunicação social russos o conselheiro presidencial para os assuntos internacionais, Yuri Ushakov, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov.
Ushakov afirmou que a Rússia vai discutir questões políticas e técnicas com os negociadores ucranianos em Istambul e que os membros da delegação seriam escolhidos em função disso.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.