"Luís Montenegro tem esta mania de só dar a informação às prestações e quando lhe interessa a ele pessoalmente. Ele podia ter dado esta informação à Assembleia da República, podíamos ter escolhido métodos de dar esta informação à AR sem violar o sigilo profissional. Com Luís Montenegro, vai ser sempre assim. Sermos surpreendidos da forma errada, no tempo errado, por informações que nós devíamos saber há mais tempo", disse aos jornalistas Rui Tavares em Moscavide, no concelho de Loures, onde hoje de manhã esteve para contactar com a população.

O porta-voz do Livre reagia à notícia do Expresso de que o primeiro-ministro entregou uma nova declaração à Entidade para a Transparência, referindo mais empresas com as quais a Spinumviva trabalhou e fê-lo na véspera do debate televisivo com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.

Hoje, o Correio da Manhã e a CNN Portugal referem que duas destas empresas, que já tinham relações com o Estado, conseguiram contratos de milhões de euros já durante o Governo liderado por Luís Montenegro.

"Ao dar essas informações a 24 horas de um dos poucos debates a que não se podia esquivar, às 23:47 da véspera do debate, diz-nos tudo acerca do tipo de pessoa que Luís Montenegro é. E que certamente não é o tipo de pessoa que nós queremos para primeiro-ministro do país e a maior parte dos portugueses já viu isso", precisou Rui Tavares.

O porta-voz do Livre lamentou que o primeiro-ministro queira vender esta normalidade "de baixar a fasquia da ética".

"O Livre muito claramente acha que isso não é normal. O que queremos que seja normal no nosso país é elevar a fasquia da ética. Elevar a responsabilização do chefe do executivo", frisou.

Questionado sobre o debate de quarta-feira à noite entre o primeiro-ministro e líder da AD -- coligação PSD/CDS-PP e o secretário-geral do PS, Rui Tavares acusou Montenegro de não querer dar explicações e de Pedro Nuno Santos não se apresentar como uma alternativa.

"Luís Montenegro manteve aquela empresa na sua esfera familiar porque, assim, saberia quem eram os clientes dela e, acima de tudo, os clientes saberiam que o primeiro-ministro sabia. Isto cria um potencial de conflito de interesses, claro. Isto cria um potencial de a empresa ser usada como veículo de influência e, ainda por cima, está em linha com outras atitudes de Luís Montenegro", afirmou.

Rui Tavares considerou que "é preciso alternativas claras de governação e isso também, infelizmente, Pedro Nuno Santos não as deu" durante o debate.

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Lusa/fim