
O Reino Unido, França e Canadá lançaram um sério aviso a Israel. Num comunicado conjunto, os chefes de governo dos três países classificaram de "intolerável" o nível de sofrimento humano em Gaza e prometeram medidas concretas se Israel não parar a nova ofensiva.
Os três líderes condenaram ainda a linguagem de ódio que dizem estar a ser usada por membros do governo israelita; denunciaram também as ameaças de deslocação forçada de civis palestinianos.
Na declaraçao conjunta, reconheçam o direito de Israel a defender-se e apelam à libertação imediata dos reféns mas consideram "totalmente desproporcional" a resposta militar em curso.
Reino Unido suspende negociações com Israel
O Governo britânico anunciou, esta terça-feira, a suspensão de negociações sobre comércio com Israel e a convocação do embaixador israelita em Londres para mostrar desagrado com o bloqueio à entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Numa declaração no Parlamento, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Lammy, acrescentou que será revista a cooperação bilateral futura e não excluiu mais medidas.
"Existe um plano da ONU pronto para prestar ajuda em grande escala, necessário com medidas de mitigação contra o desvio da ajuda. Há humanitários corajosos prontos a fazer o trabalho. Há 9.000 camiões na fronteira. Primeiro-ministro Netanyahu: acabe já com este bloqueio e deixe entrar a ajuda", declarou.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, acompanhou as críticas e sublinhou que o "nível de sofrimento é absolutamente intolerável" em Gaza.
"Estamos horrorizados com a escalada de Israel. Repetimos a nossa exigência de um cessar-fogo como única forma de libertar os reféns e repetimos a nossa exigência de um aumento exponencial de assistência humanitária em Gaza."
Israel autoriza entrada de camisões da ONU em Gaza
A ONU foi autorizada por Israel a levar "cerca de 100" camiões de ajuda humanitária para o território palestiniano de Gaza, anunciou, esta terça-feira, o porta-voz do Gabinete de Assuntos Humanitários da organização, Jens Laerke.
Segundo avançou o responsável em conferência de imprensa, a autorização foi recebida esta segunda-feira pelas Nações Unidas, que também vão poder recuperar os primeiros cinco camiões de ajuda humanitária enviados desde que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou que ia autorizar a entrada de uma "quantidade básica de alimentos" para evitar fome em Gaza.
Gaza volta a receber ajuda mais de dois meses depois
Nenhuma ajuda humanitária foi autorizada a entrar no território palestiniano desde 02 de março, pelo que as agências da ONU e organizações não-governamentais (ONG) que trabalham em Gaza alertam, há várias semanas, para a escassez de alimentos, água potável, combustível e medicamentos no território palestiniano, em guerra há mais de 19 meses.
A situação indignou várias organizações internacionais, como foi o caso do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), cujo líder, Tom Fletcher, classificou a quantidade de ajuda permitida na segunda-feira como "lamentável".
Para o responsável do OCHA, a autorização de entrada de nove camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, após 11 semanas de bloqueio, já constituía "uma gota de água no oceano" das necessidades da população.
Autoridades de Gaz fazem apelo à população
No seguimento desta decisão, as autoridades da Faixa de Gaza, controladas pelo grupo islamita Hamas, pediram à população que proteja os camiões estão a entrar no território com ajuda humanitária, facilite a sua entrada e impeça que sejam atacados.
As autoridades de Gaza estão a "acompanhar de perto os esforços em curso" para entregar ajuda à população no meio das "circunstâncias catastróficas causadas pelo genocídio e pela agressão" de Israel, avançou hoje o gabinete de imprensa das autoridades de Gaza, em comunicado.
"Apelamos à responsabilidade nacional, moral e coletiva para proteger as rotas dos camiões de ajuda, impedir qualquer ataque ou obstrução em quaisquer circunstâncias e atuar como uma barreira sólida às tentativas de afetar, roubar ou explorar essa ajuda, destinada a satisfazer as necessidades básicas do nosso povo", sublinhou a mesma fonte."Estes camiões representam uma tábua de salvação", acrescentou, numa declaração publicada na rede de mensagens Telegram, sublinhando que proteger esta ajuda de "qualquer forma de caos, agressão, sabotagem e exploração" é um "dever nacional, religioso e moral".