O Presidente russo, Vladimir Putin, garantiu esta quinta-feira ao homólogo norte-americano, Donald Trump, que a Rússia “não desistirá dos objetivos” na Ucrânia, embora se mostre aberta a continuar as negociações com Kiev.

“O nosso Presidente também afirmou que a Rússia continuará a perseguir os seus objetivos, nomeadamente a eliminação das causas profundas bem conhecidas que conduziram à situação atual”, declarou aos jornalistas Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do Kremlin, após uma conversa telefónica entre os dois líderes, que durou cerca de uma hora.

Segundo o mesmo responsável, “Trump voltou a levantar a questão de um rápido fim das hostilidades” na Ucrânia. Foi a sexta conversa telefónica entre Putin e Trump desde que o Presidente norte-americano regressou à Casa Branca, e foi descrita como “franca” por Ushakov.

Sobre o conflito, Vladimir Putin indicou que a Rússia “continua a procurar uma solução política e negociada”, sublinhando “a vontade da parte russa de prosseguir o processo de negociação” iniciado em Istambul, onde se realizaram duas sessões de negociações diretas entre Moscovo e Kiev, com resultados escassos.

“E a Rússia não renunciará a esses objetivos”, insistiu o conselheiro. Entre as exigências russas estão a cedência, por parte da Ucrânia, de quatro regiões parcialmente ocupadas, além da Crimeia, anexada em 2014, e a renúncia à adesão à NATO, condições consideradas “inaceitáveis” por Kiev.

Ushakov afirmou ainda que Putin e Trump não abordaram a cessação do fornecimento de certos tipos de armas norte-americanas à Ucrânia, anunciada esta semana por Washington. “Durante esta conversa, esse assunto não foi abordado”, precisou.

Também não foi discutida, desta vez, uma possível cimeira entre os dois líderes.

Durante a mesma conversa, Vladimir Putin apelou a Donald Trump para uma solução “diplomática” dos conflitos no Médio Oriente, incluindo a recente guerra entre o Irão e Israel.

“A parte russa salientou a importância de resolver todas as questões litigiosas, divergências e situações conflituosas exclusivamente por meios políticos e diplomáticos”, declarou Ushakov, referindo que os dois chefes de Estado abordaram em profundidade a situação em torno do programa nuclear iraniano e da Síria.

Além da política internacional, os dois presidentes “confirmaram o seu interesse mútuo na implementação de uma série de projetos económicos promissores, nomeadamente nas áreas da energia e da investigação espacial”, adiantou o Kremlin.

Putin aproveitou ainda a ocasião para felicitar Trump pelo Dia da Independência dos Estados Unidos, celebrado esta sexta-feira, e pela aprovação no Senado do seu plano fiscal. “Vladimir Putin desejou a Donald Trump sucesso nas mudanças que se propõe”, após o Presidente norte-americano ter informado da “aprovação bem-sucedida” do projeto, explicou Ushakov.

Segundo o Kremlin, Trump apelidou o pacote legislativo como “o grande e belo projeto de lei”, que visa prolongar os cortes orçamentais do seu primeiro mandato (2017–2021).

Por fim, o conselheiro diplomático recordou que a Rússia “teve um papel importante na criação dos Estados Unidos, tanto durante a Guerra da Independência, há 250 anos, como durante a Guerra Civil, que terminou há 160 anos”. Sublinhou ainda que os dois países não foram apenas aliados nas duas guerras mundiais, mas que “as suas relações têm raízes profundas”.