A maioria dos portugueses recorre a marcas de notícias da sua confiança e fontes oficiais e uma minoria consulta mais de três fontes diferentes para confirmar informações suspeitas, com os jovens a diversificar mais as suas fontes.

Esta é uma das conclusões do relatório Digital News Report Portugal 2025 (DNRPT25), hoje divulgado, no que respeita à verificação de factos, com os homens acima dos 55 anos a recorrerem mais a fontes institucionais e marcas de confiança do que as mulheres da mesma faixa etária.

O DNRPT25 é produzido anualmente pelo OberCom - Observatório da Comunicação desde 2015, publicado a par do relatório global do RISJ - Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

De acordo com o relatório, a verificação de factos continua a ser uma "prática relevante" entre os portugueses este ano, "mas marcada por forte heterogeneidade nos recursos utilizados e pelas características sociodemográficas dos utilizadores".

A maioria "recorre sobretudo a marcas de notícias da sua confiança (38%) e a fontes oficiais (38%), como 'sites' institucionais, seguidas dos motores de busca (35%) e dos verificadores de factos independentes", como é o caso do Polígrafo (22%), e "uma minoria consulta mais de três fontes diferentes para confirmar informações suspeitas".

Segundo o relatório, "as respostas evidenciam que os jovens (18-24 anos) tendem a diversificar mais as suas fontes, recorrendo com maior frequência a redes sociais, comentários de outros utilizadores e 'chatbots' de inteligência artificial (20% face a 10% da média geral)".

Os públicos com mais rendimento e escolaridade têm "maior propensão para recorrer a marcas em que confiam e fontes oficiais".

Os homens mais velhos (55+) "recorrem mais a fontes institucionais e a marcas de confiança do que as mulheres da mesma idade e os 'chatbots' de IA para verificação são mais utilizados" por jovens (18-24 anos) do género masculino (25%) e feminino (15%).

O uso das redes sociais como fonte para verificação "é mais elevado entre os jovens, sobretudo homens", lê-se no documento.

Quanto à perceção do papel das plataformas na remoção de conteúdos falsos ou enganosos, 39% dos portugueses considera que as redes socais retiram pouco conteúdo.

Esta perceção é "mais forte entre os mais velhos e entre pessoas com rendimentos e escolaridade altos".

No sentido inverso, os jovens (18-24 anos) "mostram-se mais inclinados a considerar que as plataformas removem a quantidade certa de conteúdos (30% face a 20% na amostra geral), revelando uma visão mais equilibrada sobre o papel regulador das plataformas".

Tendo em conta o rácio de digitalização das diferentes marcas e setores (a proporção entre utilizadores digitais e tradicionais), "apenas o setor da imprensa tem mais utilizadores digitais do que tradicionais, estando o setor da rádio e da televisão em fase de transição digital intermédia".

Marcas nativas digitais, "como Notícias ao Minuto, Observador ou o Portal Sapo, continuam a manter uma presença muito forte no digital onde se sobrepõem às marcas tradicionais".

Tal como no ano passado, "em 2025 o 'ranking' da confiança em marcas de notícias continua a ser liderado pela RTP, com 75% dos portugueses a afirmarem confiar na sua informação, registando uma queda homóloga de quatro pontos percentuais, seguida do Jornal de Notícias (74%), Expresso (73%), SIC (73%), Rádio Comercial (72%), Público (71%) e Rádio Renascença (70%).

A Lusa soma a confiança de 69% dos portugueses, sendo que, "como agência noticiosa, não tende a chegar junto dos consumidores de forma direta, mas por intermédio da utilização da sua produção noticiosa por outras marcas de media". A TSF, com 69%, e a RDP Antena 1, com 68%, completam o 'top 10'.

Existe uma "tendência preocupante que abrange praticamente todas as marcas de notícias em estudo: a confiança nas marcas está a cair de forma generalizada, com três exceções", o Correio da Manhã, Observador e Notícias ao Minuto são desde 2018, ano em que se deu início à utilização deste indicador, "as únicas marcas de notícias que aumentam e melhoram a sua situação em termos de confiança atribuída pelos portugueses".

O trabalho de campo decorreu entre 13 de janeiro e 24 de fevereiro deste ano.

Em Portugal foram inquiridos 2.012 indivíduos.