
A ansiedade nos momentos-chave impediu hoje Portugal de eternizar a melhor participação de sempre em Campeonatos do Mundo de andebol de sub-21 com um inédito título, ao ser batido na final pela Dinamarca (26-29).
Em Katowice, na Polónia, a seleção das 'quinas' chegou ao intervalo a perder por quatro golos (10-14), mas melhorou na segunda parte e teve duas situações para empatar nos últimos seis minutos, sem mostrar a frieza vincada na maioria do tempo pelos nórdicos.
Ricardo Brandão, com seis golos, e José Ferreira, com cinco, foram os mais eficazes de Portugal, que poderia ter conquistado uma grande prova internacional pela segunda vez, após o Europeu de sub-18 em 1992, enquanto Frederik Pedersen liderou a Dinamarca, com nove tentos e quatro assistências, rumo ao quarto troféu, após 1997, 1999 e 2005.
Horas depois de as Ilhas Faroé terem derrotado a Suécia no encontro de atribuição do terceiro lugar (27-26), os dinamarqueses sucederam à Alemanha e isolaram-se na vice-liderança do palmarés do Mundial de sub-21, atrás dos cinco títulos da já extinta União Soviética, impedindo os lusos de serem o 10.º país campeão planetário de 'esperanças'.
Portugal não foi capaz de contrariar o favoritismo da nação mais medalhada da prova, agora com 12 pódios em 25 edições, e ficou pelo segundo lugar, melhorando o terceiro atingido em 1995, que significava o seu melhor resultado nas 11 presenças anteriores.
A equipa orientada por Carlos Martingo entrou por cima (1-0, 2-1 e 3-2), mas a exclusão madrugadora de Ricardo Brandão e alguns erros técnicos abriram caminho à reviravolta nórdica (3-5), encetada por Frederik Pedersen e Tobias Tombak, ambos com dois tentos.
Se Portugal ainda igualou por José Ferreira (5-5), aos 12 minutos, a Dinamarca foi tendo mais pragmatismo e poderio físico nas duas áreas e disparou com um parcial de 7-1 (6-12), por entre pausas técnicas dos lusos, que ficaram a quatro golos ao intervalo (10-14).
Decisivo no triunfo sobre as Ilhas Faroé nas 'meias' (38-37, após dois prolongamentos), Diogo Rêma fechou a etapa inaugural com sete defesas - uma abaixo do guarda-redes escandinavo Frederik Moller - e destacou-se no regresso dos balneários com mais três intervenções, que ampararam a progressiva aproximação da equipa das 'quinas' (14-16).
Portugal esteve a uma posse de bola da diferença mínima, mas a segunda exclusão de João Bandeira e vários remates travados por Moller afetaram os planos lusos, refletindo-se em nova fuga da equipa de Ulrik Kirkely no marcador (14-18, 15-19 e 16-20 e 17-21).
Os quatro golos de desvantagem a caminho do último quarto de hora, a lesão num dos dedos da mão de Gabriel Cavalcanti - foi conduzido ao hospital - e a expulsão de João Bandeira, aos 53 minutos, testaram o espírito combativo da seleção nacional, que ainda esteve perto da igualdade (24-25 e 25-26), guiada por José Ferreira e Ricardo Brandão.
À imagem de outras alturas, Portugal vacilou nos momentos-chave e ficou arredado em definitivo do título com um derradeiro parcial de 1-3 (26-29), interrompendo um pleno de sete vitórias na competição no único jogo em que não chegou às três dezenas de golos.
Moller fechou com 17 defesas, cinco acima de Rêma, e limitou a eficácia do conjunto de Carlos Martingo a 57%, travando metade dos seis livres de sete metros nacionais, por oposição à Dinamarca, certeira em 62% dos remates e em cinco dos seis livres tentados.
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Jogo na Arena Katowice, em Katowice, na Polónia.
Portugal - Dinamarca, 26-29.
Ao intervalo: 10-14.
Com arbitragem de Amar Konjicanin e Dino Konjicanin, da Bósnia-Herzegovina, as equipas alinharam e marcaram:
- Portugal (26): Diogo Rêma, Filipe Monteiro (2), Gabriel Cavalcanti (1), Tomás Teixeira (3), José Ferreira (5), João Magalhães (2) e Ricardo Brandão (6). Jogaram ainda Rafael Vasconcelos (1), Eduardo Costa, Gabriel Conceição (1), João Bandeira (1), Afonso Mendes (2), Diogo Campos e Xavier Barbosa (2).
Selecionador: Carlos Martingo.
- Dinamarca (29): Frederik Moller, Tobias Tombak (3), Nikolaj Larsson (2), Magnus Storgaard (6), Mathias Kragh (2), Morten Kaalund (1) e Magnus Rahbek (1). Jogaram ainda Malte Eichhorst, Tobias Gregers, Frederik Pedersen (9), Kristoffer Vestergaard (4), Simon Skovhus (1), Andreas Aagreen, Anton Houe e Frederik Jaegerum.
Selecionador: Ulrik Kirkely.
Assistência: 2.455 espetadores.