
O primeiro-ministro espanhol prometeu, esta terça-feira, investigar as causas do apagão da véspera e exigir responsabilidades. Pedro Sánchez nomeou uma comissão para apurar o sucedido e garante que os resultados do trabalho da mesma serão públicos e transparentes. Sem descartar um ciberataque como raiz do problema, já que por agora não exclui nenhuma hipótese, frisa que tampouco tem indícios de que tenha sido esse o motivo.
O governante começou por dar conta, em conferência de imprensa (a terceira durante a crise elétrica), de que ainda há perturbações na circulação ferroviária em Espanha, que o Governo se esforça por repor, em colaboração com as operadoras estatais e privadas do sector. “Ao longo da noite de ontem foram auxiliados mais de 35 mil passageiros”, acrescentou.
Fora isso, assegura, às 6h da manhã de terça já fora reposto 99,5% do fornecimento de energia elétrica. Agora, o seu Executivo tem duas prioridades. “A primeira é consolidar o restabelecimento do sistema elétrico a 100%, e estamos a trabalhar nisso; a segunda é saber o que aconteceu e adotar as medidas necessárias para que não se repita”, afirmou o socialista.
“Cinco segundos” críticos
Falando de “cinco segundos que precipitaram a quebra do sistema”, Sánchez aguarda por dados da empresa Red Eléctrica, que deverão estar disponíveis nos próximos dias, para reconstituir esse momento. Também “as empresas privadas geradoras de energia estão a levar a cabo análises das telemetrias dos seus centros de gestão e produção”, esclareceu.
O governante anunciou uma comissão de inquérito sob a égide do Ministério da Transição Ecológica, chefiado pela vice-primeira-ministra Sara Aagesen. Promete “exigir responsabilidades pertinentes aos operadores privados” e pedir um “relatório independente” à Comissão Europeia. Da próxima vez que for ao Parlamento, além dos assuntos de defesa e segurança agendados, abordará também o apagão.
Sánchez descartou que este tenha sido causado por um desequilíbrio entre a produção de energias renováveis e a procura, ou por falta de potência nuclear em Espanha. “Se tivéssemos tido maior dependência nuclear, a recuperação não teria sido tão rápida”, dada a potência exigida pelas centrais, comentou.
Eventual terrorismo investigado
Também a Audiência Nacional, tribunal especial espanhol para crimes como terrorismo, fez saber pelo seu presidente, José Luis Calama, que está a investigar se houve algum ato de sabotagem informática em infraestruturas críticas. O magistrado sublinhou que delitos informáticos podem constituir terrorismo se visam abalar a ordem constitucional ou os serviços essenciais.
O primeiro-ministro regozijou-se pela “grande capacidade de recuperação” do sistema elétrico do seu país, que considera “um dos mais avançados do mundo”. Agradeceu ainda aos espanhóis, uma “população admirável”, pelo comportamento “cívico” no dia do apagão.