O PCP perdeu cerca de dois mil militantes desde 2020, em particular devido a falecimentos, e tem atualmente mais de 47 mil membros, não tendo um aumento no número das adesões compensado essas perdas. De acordo com as Teses/Projeto de Resolução Política ao XXII Congresso do PCP, aprovadas pelo Comité Central em setembro, o partido tem atualmente 47.612 membros, menos 2.348 do que em 2020, quando tinha 49.960.
Segundo o partido, essa redução no número de militantes deve-se ao facto de o número de recrutamentos "não ter compensado aqueles que deixaram de ser contabilizados como membros do partido, em particular por falecimentos".
Nas Teses/Projeto de Resolução Política, o PCP indica que, "nos últimos anos, foram recrutados 3.452 novos militantes", o que diz ser um aumento relativamente ao período entre 2016 e 2020, quando se tinham registado 3.245 novas adesões.
O PCP considera que este número, "sendo insuficiente, é positivo, ainda mais no contexto político em que ocorreu, com uma violenta ofensiva anticomunista" e acrescenta que, "dos novos membros do partido, 72,9% tinham até 50 anos quando aderiram ao partido".
Em entrevista à agência Lusa no final de novembro, o secretário-geral do PCP disse não encarar a redução no número de militantes como uma "questão assustadora", salientando que se deve ao facto de ter havido cerca de cinco mil saídas, "a larga maioria das quais por questões de falecimentos" e destacando que, dos 3.452 novos militantes que entraram, "uma parte substancial deles são jovens".
Em termos de composição etária, a maioria dos 47.612 militantes comunistas têm mais de 64 anos (52,7%) - um aumento relativamente a 2020 -, 36,9% têm entre 41 e 64 anos e 10,4% têm menos de 40.
Já relativamente à composição social, o partido indica que 68,9% dos seus membros são operários e empregados e, comparativamente com 2020, "a percentagem de mulheres aumentou", sendo atualmente de 32,9%.
No que se refere aos centros de trabalho do partido, também se regista uma redução relativamente a 2020: dos 2.417 organismos ou organizações com plenário que existiam então, passaram a existir 2.183 (menos 234).
Também há menos organismos de base local (de 567 passaram para 532), mas registou-se um aumento nos organismos com base em empresas e locais de trabalho (dos 310 em 2020, passaram a haver 324).
A nível interno, o PCP salienta que, entre os 47.612 militantes, cerca de trezentos são funcionários no partido, incluindo militantes reformados que continuam no ativo e reafirma o objetivo de responsabilizar mil quadros até ao final deste ano, o que o secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, já definiu como "a medida mais prioritária".
O partido defende mesmo que "deve ser promovido, desenvolvido e concretizado um movimento geral de reforço do trabalho de direção e estruturação", tendo nas atuais circunstâncias "como maior prioridade os quadros, a sua determinação, resistência, iniciativa, participação militante e preparação política e ideológica".
Entre esses quadros que devem ser responsabilizados, o PCP defende em particular que deve ser dado destaque aos "operários, jovens e mulheres". Este foco na importância de dotar as estruturas do partido de mais jovens, mulheres e operários é uma preocupação que trespassa o conjunto das Teses/Projeto de Resolução Política.
Assim, no que se refere ao recrutamento e integração de novos militantes, o partido pede que se dê "particular atenção a operários e outros trabalhadores que se destacam pela sua consciência de classe e intervenção de massas, bem como a jovens e mulheres".
Relativamente aos quadros, o partido pede que se faça uma avaliação, entre os que se destacam, "dos que têm condições para funcionários do partido, particularmente operários, mulheres e jovens".