
O PCP advertiu hoje que as decisões tomadas na cimeira da NATO, em Haia, aumentam o "perigo de conflitos militares de catastróficas proporções" e acusou o Governo de arriscar envolver Portugal nas "aventuras militares do imperialismo".
Em comunicado, o PCP defende que a cimeira dos chefes de Estado e de Governo da NATO, que se realizou quarta e quinta-feira em Haia, confirmou e formalizou "ao mais alto nível decisões que agravam a tensão internacional, desde logo na Europa, e que aumentam o perigo de conflitos militares de catastróficas proporções".
"Particularmente grave é a decisão - exigida pelos Estados Unidos da América e servilmente aceite pelos seus aliados - de aumentar para 5% do PIB as despesas militares pelo que tal representa quanto à escalada militarista desta aliança agressiva e pelo programado desvio para o complexo militar-industrial de recursos indispensáveis à melhoria das condições de vida", lê-se.
O PCP critica em particular a "posição seguidista de submissão nacional do Governo PSD/CDS", que considera ser "indigna", em que está "completamente ausente qualquer assomo de brio patriótico" e que "afronta abertamente a Constituição da República portuguesa e arrasta consigo o perigo de um trágico envolvimento de Portugal nas aventuras militares do imperialismo".
"O desvio de recursos para a guerra que o Governo se propõe realizar tem a firme oposição do PCP que desde já denuncia as engenharias semânticas e as 'contabilidades criativas' com que se procura esconder as graves consequências sociais de uma tal opção", refere-se.
Apelando à dissolução da aliança, o PCP considera que a agenda da cimeira em Haia foi "desenhada para responder às exigências" dos Estados Unidos e à sua "afirmação como potência imperialista dominante", assim como "esconder as dificuldades e divergências que atravessam a NATO".
"O apoio dado pelas grandes potências da NATO e da União Europeia (UE) à agressão dos Estados Unidos e de Israel ao Irão, assim como a sua cumplicidade com o genocídio do povo palestiniano, reveste-se da maior gravidade", critica o partido.
O PCP adverte ainda que a "promoção de uma economia de guerra" nos países da NATO e da UE, incluindo Portugal, está a ser acompanhado pelo "ataque aos direitos laborais e outros direitos fundamentais e pela banalização e promoção da extrema-direita".
"Perante o sério agravamento da situação internacional e os perigos resultantes da corrida aos armamentos que esta cimeira da NATO alimenta, o PCP apela aos trabalhadores, à juventude, ao povo português para darem mais força à luta em defesa da soberania e independência nacionais, pela paz e em solidariedade com todos os povos que lutam contra as ingerências e agressões do imperialismo", lê-se.
Na quinta-feira, no final da cimeira da NATO, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, comprometeu-se a atingir os 2% do PIB em Defesa até ao final deste ano - o que, segundo as contas do Governo, obrigará a um reforço de investimento de cerca de mil milhões de euros.
Além desta meta, a cimeira da NATO, que terminou hoje em Haia, Países Baixos, acordou que os aliados devem investir 5% do PIB em despesas relacionadas com Defesa, dos quais 3,5% em gastos militares tradicionais (Forças Armadas, equipamento e treino) e 1,5% adicionais em investimentos como infraestruturas e indústria até 2035, com uma revisão intercalar em 2029.