![Passos Coelho fala em má gestão do BES e diz que propôs a Salgado](https://homepagept.web.sapo.io/assets/img/blank.png)
O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho está a ser ouvido, esta terça-feira, como testemunha no julgamento da queda do BES/GES, depois de, em 15 de janeiro, o depoimento ter sido adiado devido à greve dos oficiais de justiça.
Passos Coelho disse que houve má gestão do banco e que o governador do Banco de Portugal (BdP), na altura Carlos Costa, pode até "ser louvado" pela intervenção que foi tendo junto do BES.
"Nunca ninguém tinha atuado junto do BES como o BdP estava, o governador pode até ser louvado. Pode ter feito erros, mas foi uma pessoa corajosa, nunca ninguém tinha mandado uma carta para o BES a dar ordens."
As declarações surgem depois de o antigo primeiro-ministro ter falado em dois encontros que teve com Ricardo Salgado, em 2014. O antigo presidente do BES transmitiu a Passos Coelho que se sentia desconfortável com a forma como o governador do Banco de Portugal lidava com o BES e pressionava o banco sobre a situação financeira.
Os dois falaram também sobre um possível financiamento de perto de dois mil milhões de euros do banco através da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
Passos Coelho garante que disse a Salgado que o plano não tinha viabilidade e que o Governo não iria dar ordens à CGD. Diz ainda que não faria qualquer sentido que o risco do BES fosse imputado à Caixa.
O ex-primeiro-ministro recorda a sugestão que fez a Salgado, disse-lhe para falar com os credores e "negociar uma falência ordenada" do banco. Passos acrescenta que era claro que o grupo Espírito Santo deixaria de deter a posição no BES e que teria de a alienar.
Processo BES
O processo conta atualmente com 18 arguidos, incluindo o ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, de 80 anos e diagnosticado com a doença de Alzheimer.
Ricardo Salgado responde por cerca de 60 crimes, incluindo um de associação criminosa e vários de corrupção ativa no setor privado e de burla qualificada.
O Ministério Público estima que os atos alegadamente praticados entre 2009 e 2014 pelos 18 arguidos, ex-quadros do BES e de outras entidades do GES, tenham causado prejuízos de 11,8 mil milhões de euros ao banco e ao grupo.
O julgamento começou em 30 de outubro de 2024.