A porta-voz do PAN acusou, esta terça-feira, o secretário de Estado da Agricultura, João Moura, de fazer a "apologia da cultura de violência contra os touros e os cavalos" por ter assistido e divulgado imagens de um espetáculo tauromáquico.

"A maioria dos portugueses (...) não quer corridas de touros, não quer ver os animais a serem maltratados na arena. Infelizmente, ainda esta semana, tivemos o secretário de Estado que tem a tutela do bem-estar animal não só a assistir a uma tourada como a fazer a apologia da cultura da violência contra os touros e os cavalos que sofrem na arena", disse Inês de Sousa Real aos jornalistas no âmbito de uma ação de campanha contra a tauromaquia, à porta da Praça de Touros do Campo Pequeno, em Lisboa.

Inês de Sousa Real referia-se a uma imagem publicada pelo secretário de Estado João Moura nas suas redes sociais - partilhada esta segunda-feira pela líder do PAN na rede social 'X' - que mostra a sua presença num espetáculo tauromáquico.

"Absolutamente lamentável"

A porta-voz do PAN considerou "absolutamente lamentável" que quem tem "competências fiscalizadoras sobre o bem-estar dos animais que são torturados numa arena" faça depois uma "ode a este tipo de violência".

O PAN, garantiu a líder, vai insistir na proposta de um referendo nacional sobre o fim dos espetáculos tauromáquicos no país e quer que o dinheiro público que financia atualmente estas atividades seja canalizado para a criação do SNS Animal.

Inês de Sousa Real defendeu ainda que o próximo Governo deve ter em "consideração as diferentes sensibilidades do parlamento", acrescentando que o executivo que sair das eleições de 18 de maio não pode ser "negacionista das alterações climáticas" e cortar o financiamento à política climática.

Questionada sobre se o partido já tem definidas 'linhas vermelhas' para contribuir para uma solução de apoio parlamentar ao próximo Governo, a líder do PAN não respondeu diretamente, mas salientou a importância de um compromisso para o apoio às vítimas de violência doméstica e o reforço das propostas de proteção animal, bem como a reposição da taxa máxima de IVA sobre as touradas, o fim do financiamento público e a realização de um referendo.

Sousa Real garantiu também que o partido será uma "força útil à democracia portuguesa" e não se demitirá de "apresentar um caderno de encargos" ao partido que estiver no Governo para propor "uma agenda distinta" da que tem sido seguida até agora.

Comissão parlamentar de inquérito à Spinumviva?

Inquirida sobre se apoiará, na próxima legislatura, a formação de uma comissão de inquérito ao caso da empresa familiar do primeiro-ministro e presidente do PSD, Luís Montenegro, a líder do PAN defendeu a importância de "garantir mais transparência", mas acrescentou que os portugueses querem ouvir falar mais dos seus problemas do que de comissões de inquérito.

"A este tempo, acho que mais do que comissões parlamentares de inquérito, mais do que 'tricas e trocas' entre os grandes partidos, os portugueses o que querem ouvir falar é das respostas aos seus problemas, aos problemas do país, ou até mesmo em matérias de promoção de uma maior transparência na governação", defendeu.

Sousa Real garantiu que o partido "independentemente das comissões parlamentares de inquérito" quer aprovar medidas como a regulamentação do 'lobbying' para "garantir uma maior pegada de transparência" sobre a atividade dos políticos.