O ano de 2025 será marcado por uma sucessão de votações em diversos países europeus, num exercício democrático que enfrenta vários desafios: o crescimento da extrema-direita, a desinformação, a manipulação associada à inteligência artificial, um declínio dos direitos cívicos, guerras e recessões económicas.
A Croácia é o país que hoje vai a votos entre os mais de 50 onde este ano decorrem eleições.
O calendário das eleições em vários Estados europeus em 2025
12 de janeiro - Presidenciais na Croácia
A segunda volta das eleições presidenciais croatas realiza-se a 12 de janeiro. O atual Presidente, Zoran Milanović, recandidata-se como independente, com o apoio de uma coligação liderada pelo Partido Social Democrata.
Na primeira volta, Milanović obteve 49,20% dos votos, superando Dragan Primorac, com 19,43%.
Milanović, que se declara “nacionalista”, opõe-se ao apoio do governo croata à Ucrânia e à participação de soldados na missão da NATO de formação de militares ucranianos.
26 de janeiro - Presidenciais na Bielorrússia
Alexander Lukashenko concorre a um sétimo mandato presidencial, está no poder desde 1994.
As eleições presidenciais de 2020 - que Lukashenko venceu com 80% dos votos - foram marcadas por acusações de fraude, repressão à oposição e protestos massivos, aos quais o regime respondeu com violência.
A Comissão Eleitoral Central (CEC) da Bielorrússia registou quatro outros candidatos: a empresária Anna Kanopátskaya, que se opõe à aproximação com a Rússia, o presidente do partido Liberal Democrático da Bielorrússia (PLDB), Oleg Gaidukévich, o líder do partido Republicano do Trabalho e da Justiça (ORTJ), Alexand Juzhniák, e o primeiro secretário do Partido Comunista da Bielorrússia (PCB), Sergey Sirankov.
Segundo a CEC, a candidatura de Lukashenko foi apoiada por mais de 2,5 milhões de eleitores, seguido pela de Gaidukévich (134.472), Sirankov (125.577), Kanopátskaya (121.077) e Juzhniák (112.779).
No entanto, há preocupações sobre a imparcialidade do processo eleitoral, enquanto a Bielorrússia continua a fortalecer laços com a Rússia.
23 de fevereiro - legislativas na Alemanha
Depois de Olaf Scholz ter perdido uma moção de confiança no parlamento alemão a 16 de dezembro de 2024, o Presidente Frank-Walter Steinmeier dissolveu o Budenstag e marcou eleições antecipadas para 23 de fevereiro de 2025.
De acordo com sondagens do instituto INSA, o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) regista 20,5% das intenções de voto, atrás da CDU/CSU, liderada por Friedrich Merz, com 31%.
Merz defende uma política económica mais liberal e posições conservadoras em temas como a migração.
4 de março - Presidenciais no Kosovo
O movimento Vetëvendosje (Autodeterminação), liderado pelo primeiro-ministro Albin Kurti, parte como favorito para as eleições legislativas de fevereiro. A principal questão será se o partido conseguirá uma maioria absoluta ou precisará de negociar coligações, possivelmente com o Srpska Lista, o principal partido da comunidade sérvia.
O Srpska Lista, partido de etnia sérvia, tem laços estreitos com a Sérvia, que não reconhece a independência do Kosovo, declarada em 2008 e apoiada pelas principais potências ocidentais.
23 de março - Presidenciais na Roménia
A Roménia vai realizar novas eleições presidenciais a 23 de março depois de a primeira volta, realizada a 24 de novembro, ter sido anulada pelo Tribunal Constitucional devido a alegações de interferência russa.
Na altura, o ultranacionalista Călin Georgescu venceu com 23% dos votos, seguido da europeísta Elena Lasconi, com 19%.
A decisão sem precedentes do Tribunal Constitucional foi tomada depois de o Presidente Klaus Iohannis ter desclassificado informações que alegavam que a Rússia tinha levado a cabo uma campanha em grande escala, com milhares de contas nas redes sociais, para promover o ultranacionalista Calin Georgescu, vencedor da primeira volta, em plataformas como o TikTok e o Telegram.
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1 de maio - autárquicas no Reino Unido
No Reino Unido, as eleições para os conselhos de condado servirão como teste à popularidade do Partido Trabalhista, liderado por Keir Starmer, após a vitória nas eleições gerais de 4 de julho de 2024.
As sondagens sugerem níveis historicamente baixos de apoio tanto para trabalhistas como para conservadores - empatados com cerca de 20% das intenções de voto -, com o Reform UK de Nigel Farage a aproximar-se.
O Reform UK, formação de direita radical que faz campanha contra a imigração, foi o terceiro partido mais votado nas eleições legislativas de julho. Atualmente, não tem assento nos conselhos locais.
11 de maio - legislativas na Albânia
A Albânia realiza legislativas a 11 de maio, marcadas por uma forte polarização política entre o Partido Socialista, no poder, e o Partido Democrático. Nesta eleição, o Partido Socialista do primeiro-ministro Edi Rama e o Partido Democrático (PD) estão em jogo: o PD tentará pôr termo aos três mandatos consecutivos do Partido Socialista.
Pela primeira vez, os albaneses no estrangeiro poderão votar, num ano crucial para o progresso do país rumo à adesão à União Europeia.
A Albânia é um dos nove Estados reconhecidos atualmente como candidatos à adesão à UE, juntamente com Moldávia, Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia.
18 de maio - Presidenciais na Polónia
A primeira volta das presidenciais polacas terá lugar a 18 de maio. A corrida presidencial é um confronto entre os candidatos dos dois principais partidos: Rafał Trzaskowski, presidente da Câmara de Varsóvia pela Plataforma Cívica (PO), e Karol Nawrocki, um historiador, que representará o PiS. Embora a corrida seja renhida, as sondagens de opinião sugerem que a Plataforma Cívica deverá sair vencedora.
O atual presidente Andrzej Duda, do partido Lei e Justiça (PiS), ocupou o cargo durante oito anos.
O governo é liderado por Donald Tusk (Plataforma Cívica), no poder desde dezembro de 2023, que reúne partidos da esquerda ao centro-direita.
A Polónia assumiu no início de janeiro à presidência semestral do Conselho da União Europeia, a segunda presidência rotativa da UE assumida pelo país. Depois da Polónia, será a Dinamarca, no segundo semestre de 2025.
11 de julho - legislativas na Moldávia
A Moldávia enfrenta um cenário de instabilidade política e tentativas de interferência russa. O Partido de Ação e Solidariedade, da Presidente Maia Sandu, tentará assegurar uma maioria parlamentar, num contexto de tensão entre pró-europeus e pró-russos.
O referendo sobre a adesão à União Europeia, no outono de 2024, foi vencido pelo "sim" (50,35%).
A Moldávia é um dos nove Estados reconhecidos atualmente como candidatos à adesão à UE, juntamente com Albânia, Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia.
Setembro ou outubro - autárquicas em Portugal
As autárquicas estão previstas para o outono de 2025, podendo decorrer tanto em setembro como em outubro. A data só será decidida este ano.
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Setembro - regionais em Itália
Em setembro, várias regiões italianas – Apúlia, Campânia, Marcas, Toscânia, Vale de Aosta e Veneto – irão às urnas para eleger os seus governos regionais. Estas eleições são vistas como um teste ao governo liderado por Giorgia Meloni.
Em novembro passado, os partidos da coligação governamental sofreram um revés significativo nas eleições regionais da Emília-Romana e da Úmbria, onde foram ultrapassados pela coligação de centro-esquerda.
Particular atenção recai sobre o Veneto, uma região densamente populada, historicamente controlada pela Liga populista, um dos principais parceiros da coligação no poder. Na Apúlia, é esperado que o eurodeputado Antonio Decaro, figura influente do Partido Democrático e presidente da Comissão Parlamentar do Ambiente, se candidate a governador.
8 de setembro - legislativas na Noruega
Os noruegueses irão eleger os 169 membros do Storting, o parlamento nacional, definindo quem ocupará o cargo de primeiro-ministro. O atual chefe do governo, Jonas Gahr Støre, líder do Partido Trabalhista (centro-esquerda), procura a reeleição.
As sondagens indicam um avanço significativo dos partidos de direita, refletindo uma tendência observada em toda a Europa. O Partido do Progresso, de extrema-direita, poderá duplicar a sua percentagem de votos, de 10% em 2021 para cerca de 20%. O Partido Conservador, liderado pela ex-primeira-ministra Erna Solberg, também está bem posicionado na corrida.
14 de setembro - Rússia
Na Rússia, os eleitores participarão em eleições para preencher lugares na Duma (câmara baixa do parlamento), para eleger governadores em 18 regiões, representantes em 11 parlamentos regionais e conselhos locais em várias áreas.
O processo eleitoral está envolto em controvérsia, com restrições severas à liberdade de imprensa e à oposição política, intensificadas após a morte do líder da opsição Alexei Navalny, questões levantam dúvidas significativas sobre a integridade do processo eleitoral.
Outubro - legislativas na Chéquia
As eleições parlamentares checas poderão consolidar uma viragem populista no país. O movimento ANO, liderado por Andrej Babiš, surge nas sondagens com 34,5% dos votos, à frente do Partido Democrático Cívico (ODS), do primeiro-ministro Petr Fiala, que regista 13,7%, e do STAN, partido de centro-direita, com 11%.
Babiš, frequentemente apelidado de “Trump checo”, é conhecido pela sua retórica anti-elite e anti-imigração. Uma eventual vitória sua reforçaria o eixo populista da Europa Central, alinhando a Chéquia com figuras como Viktor Orbán da Hungria e Robert Fico da Eslováquia.
Outubro - Presidenciais na Irlanda
Previstas para novembro, as eleições presidenciais irlandesas marcarão o fim do mandato de 14 anos de Michael D. Higgins. Embora o papel seja maioritariamente cerimonial, as responsabilidades constitucionais do Presidente conferem peso a esta eleição.
Especula-se que nomes conhecidos da política europeia possam concorrer, como a antiga Comissária Europeia Mairead McGuinness e a antiga deputada europeia Frances Fitzgerald - ambas do partido de centro-direita Fine Gael.
Simultaneamente, ocorrerá a renovação do Seanad, a câmara alta do parlamento, através de um processo que combina eleição e nomeação.
Outubro - autárquicas na Geórgia
As eleições municipais na Geórgia decorrem num clima de tensão política, um ano após a vitória controversa do partido Sonho Georgiano nas legislativas de 2024. O governo, amplamente acusado de alinhamento com a Rússia, decidiu adiar o processo de adesão à União Europeia até 2028, desencadeando protestos em várias cidades.
O novo Presidente, antigo futebolista pró-russo Mikheil Kavelashvili, assumiu o cargo em dezembro de 2024, após uma eleição boicotada pela oposição. A ex-presidente Salome Zurabishvili, pró-europeia, recusa-se a reconhecer o resultado, mantendo uma postura de resistência.
Com 20% do território ocupado pela Rússia, a Geórgia continua dividida entre as influências de Moscovo e do Ocidente, com a oposição a enfrentar repressão crescente.
A Geórgia é um dos nove Estados reconhecidos atualmente como candidatos à adesão à UE, juntamente com Albânia, Bósnia e Herzegovina, Geórgia, Montenegro, Macedónia do Norte, Sérvia, Turquia e Ucrânia.