A Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV) condenou hoje a morte de oito paramédicos do Crescente Vermelho num ataque israelita a ambulâncias no sul da Faixa de Gaza.

"Estou com o coração partido. Estes socorristas conduziam ambulâncias, eram dedicados, estavam a ajudar os feridos. Usavam emblemas que deveriam protegê-los e as ambulâncias estavam claramente identificadas", disse o secretário-geral da FICV, Jagan Chapagain, citado num comunicado.

O Crescente Vermelho Palestiniano (CVP) revelou hoje ter recuperado 15 corpos na sequência de um ataque israelita a ambulâncias no sul da Faixa de Gaza, em 23 de março.

"O número de corpos recuperados até à data ascende a 15, incluindo oito condutores de ambulâncias das equipas do Crescente Vermelho Palestiniano, cinco membros da Defesa Civil e um funcionário das Nações Unidas", salientou a organização médica.

Em 23 de março, tanto a Defesa Civil de Gaza como o CVP perderam o contacto com vários dos seus veículos quando se dirigiam para uma missão, após um ataque aéreo israelita.

No sábado, o exército israelita reconheceu ter disparado contra ambulâncias na Faixa de Gaza, depois de ter considerado os veículos suspeitos.

Os acontecimentos ocorreram no passado domingo no bairro de Tal al-Sultan, a oeste da cidade de Rafah, onde as tropas israelitas voltaram à ofensiva em 20 de março, dois dias depois de o exército ter retomado os bombardeamentos aéreos na Faixa de Gaza, ao fim de quase dois meses de tréguas.

Uma "investigação preliminar [estabeleceu] que alguns dos veículos suspeitos eram ambulâncias e camiões de bombeiros", acrescentou o exército sem dar mais pormenores, apontando "a utilização repetida por organizações terroristas na Faixa de Gaza de ambulâncias para fins terroristas".

No total, desde o início da ofensiva israelita em outubro de 2023 contra o enclave palestiniano, registam-se mais de 50.200 mortos, a maioria mulheres e crianças, e mais de 114.000 feridos.