
Fechados no Vaticano até que cheguem a consenso sobre quem será o novo Papa, os cardeais que participam no Conclave vão estar isolados do mundo durante um período de tempo incerto. Certo é que, durante esse tempo, como qualquer humano, vão ter de dormir e... comer. Mas o que se come num dos espaços sob maior secretismo em todo o mundo?
Neste Conclave, são as freiras da Casa de Santa Marta as responsáveis por preparar as refeições que vão alimentar os cardeais. De acordo com a BBC News, o menu vai ser composto por iguarias características da região do Lazio, a zona de Itália onde se insere o Vaticano.
Falamos de pratos como: minestrone (uma sopa feita com uma grande variedade de legumes e massa ou arroz), esparguete, arrosticini (espetadas de cordeiro) e vegetais cozidos.
E, sim, tudo feito sob a maior segurança, para evitar que se passem mensagens do interior para o exterior e vice-versa.
O secretismo em torno das refeições no Conclave é uma tradição com perto de 750 anos. A ideia é impedir que, às refeições, se passem mensagens, por exemplo, dentro do recheio de raviolis ou envoltas em guardanapos. E, sublinhe-se: este é também o momento onde pode acontecer a maior parte das negociações informaispara a escolha do novo Papa.
A pão e água até haver escolha? Como era no passado
Reza a História que as regras rigorosas do Conclave remontam a 1274. O Papa Gregório X terá ordenado que os cardeais ficassem isolados e que a sua comida fosse racionada, durante o período de Conclave. Se se passassem mais de três dias sem chegarem a um consenso, os cardeais teriam apenas uma refeição por dia. Caso a escolha demorasse mais de oito dias, receberiam apenas pão e água para comer. Uma estratégia dura para apressar uma decisão.
As regras acabaram por ser suavizadas, no século seguinte, com Clemente VI. Passou a ser permitida uma refeição com três pratos: sopa, prato principal (de carne, peixe ou ovos) e uma sobremesa (que poderia ser fruta ou queijo).
Quem mais forneceu detalhes sobre o menu dos conclaves foi Bartolomeo Scappi, um famoso chef na era do Renascimento, que serviu vários papas. Segundo Scappi, as refeições dos cardeais eram preparadas por cozinheiros numa cozinha comunitária - com guardas destacados para impedir a partilha ilícita de mensagens.
O próprio menu era limitado com esse propósito. Não eram permitidas tartes nem frangos inteiros, para que nada pudesse ser escondido lá dentro. A água e o vinho tinham de ser servidos em copos transparentes. E todos os guardanapos de pano eram cuidadosamente inspecionados.