O Universo poderá desaparecer muito antes do que os cientistas pensavam. Segundo um novo estudo da Universidade Radboud, nos Países Baixos, o fim pode ocorrer dentro de 10 elevado a 78 anos — ou seja, um número com 78 zeros.

Num estudo publicado na revista Journal of Cosmology and Astroparticle Physics, os cientistas - uma equipa que junta um especialista em buracos negros, um físico quântico e um matemático - revelam os cálculos que fizeram e que representam uma revisão significativa face às estimativas anteriores, que apontavam para 10 elevado a 1.100 anos.

“O fim do universo está a chegar muito mais cedo do que o esperado, mas, felizmente, ainda vai demorar muito tempo”, afirmou o astrofísico Heino Falcke , principal autor do estudo.

O astrofísico Heino Falcke fez parte da equipa que comprovou a existência em imagens de Sagitário A* (Sgr A* -pronuncia-se Sagitário A-estrela), o buraco negro supermassivo que está no cento da nossa galáxia Via Láctea, na constelação de Sagitário e localizado a 27.000 anos-luz da Terra.

As últimas sobreviventes do Universo

A equipa decidiu calcular quando é que os corpos celestes mais resistentes - as anãs brancas - deixariam de existir. Estes objetos são os núcleos densos e frios que restam de estrelas como o Sol, depois de terem esgotado o seu combustível.

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Com base na teoria da radiação Hawking, os cientistas estimaram o tempo necessário para que estes remanescentes se desfaçam por completo.

“Ao fazer este tipo de perguntas e ao estudar cenários extremos, queremos compreender melhor a teoria e, talvez um dia, desvendar o mistério da radiação Hawking”, explicou o matemático Walter van Suijlekom , coautor do estudo.

A teoria da radiação Hawking e a teoria da relatividade de Einstein

Nos anos 1970, o físico britânico Stephen Hawking propôs que os buracos negros não são completamente “negros”: emitem uma forma de radiação que os faz perder massa ao longo do tempo e que, portanto, as partículas e a radiação podiam escapar, um fenómeno hoje conhecido como radiação de Hawking.

Isto contradiz a teoria da relatividade de Albert Einstein, que diz que os buracos negros só podem crescer.

O novo estudo aplica esse princípio de Hawking a outros corpos densos do universo, como as anãs brancas. Segundo os autores, a taxa de evaporação depende da densidade do objeto — quanto mais denso, mais lenta será essa dissolução.

Um fim inevitável… mas inconsequente para a humanidade

Apesar de esta nova previsão encurtar significativamente o tempo até ao fim do Universo, não há motivo para preocupação. O desaparecimento da Terra deverá acontecer muito antes.

Os cientistas preveem que, dentro de cerca de mil milhões de anos, o Sol ficará demasiado quente, tornando impossível a existência de água líquida. E, daqui a oito mil milhões de anos, o Sol transformar-se-á numa gigante vermelha, engolindo a Terra no processo.

E se o universo não acabar assim?

Há várias teorias sobre o fim do universo: Big Rip, Big Crunch, entropia total…

Se a energia escura for constante, o Universo continuará a expandir-se indefinidamente, tornando-se cada vez mais frio e vazio.

Se a energia escura estiver a enfraquecer, é possível que a expansão pare e que o Universo acabe por colapsar sobre si próprio num fenómeno chamado Big Crunch.

  • A energia escura é uma força misteriosa que se acredita estar a impulsionar a expansão do Universo. Representa quase 70% do Universo e é constante, de acordo com a teoria da relatividade de Albert Einstein.