
Nuno Melo, presidente do CDS/PP que é atual ministro da Defesa, está ao lado de Luís Montenegro na polémica sobre a Spinumviva, e vai continuar a estar na corrida para as próximas eleições – mesmo que ele venha a ser constituído arguido.
“Sabe que uma coisa é a constituição de arguido, outra é a condenação e outra coisa ainda é uma decisão com trânsito em julgado. Infelizmente, o nosso sistema judicial permite que alguém seja constituído arguido pela simples questão de uma denúncia anónima”, segundo disse o governante na entrevista conjunta ao“Público" e à Rádio Renascença.
“Sendo um projeto da AD, o CDS estará nele de corpo inteiro”, garantiu. E se não houver maioria para governar? “Nós temos de lutar por essa maioria. Não havendo essa maioria, depois logo se verá”, não querendo fazer cenários sobre qualquer acordo pós-eleitoral, nomeadamente com a Iniciativa Liberal.
Montenegro não é arguido, mas disse que continuaria na corrida para liderar o próximo Governo, saído das eleições que se preveem em maio, se tal viesse a acontecer.
Nuno Melo não tem dúvidas de que a existência de uma empresa da mulher do primeiro-ministro, com quem é casado em comunhão de adquiridos, que recebe pagamentos de empresas privadas “não é ilícita e não geraria nenhuma incompatibilidade”. “Não cometeu também nenhum ilícito criminal. Houve um prolongar de uma situação de ataque pessoal à volta de suspeições nunca concretizadas”, continuou.
Já questionado se sabia das movimentações do Governo no debate da moção de confiança, para a aceitação de uma comissão de inquérito de menor duração, Nuno Melo não quis alongar-se. “Não é tema que deva trazer aqui ou tratar porque tem que ver com as dinâmicas internas de governos.”
Em relação à Defesa, área que tutela, Nuno Melo admitiu que a substituição das aeronaves F-16 não será por via dos americanos F-35. “A recente posição dos Estados Unidos, no contexto da NATO e no plano geoestratégico internacional, tem de nos fazer pensar as melhores opções, porque a previsibilidade dos nossos aliados é um bem maior a ter em conta”. "O mundo já mudou" com a eleição de Donald Trump, disse.
“Esse nosso aliado, que ao longo de décadas foi sempre previsível, poderá trazer limitações na utilização, na manutenção, nos componentes, em tudo aquilo que tem que ver com a garantia de que as aeronaves serão operacionais e serão utilizadas em todo o tipo de cenários”, admite Nuno Melo à Renascença e “Público", acrescentando que “há várias opções que têm de ser consideradas, nomeadamente no contexto de produção europeia”, embora não concretize se fala de alternativas francesas.