As Nações Unidas aumentaram ontem para quatro milhões o número de pessoas que fugiu da guerra civil no Sudão, considerando que "este é um marco devastador na mais grave crise de deslocamento populacional do mundo".

Em conferência de imprensa em Genebra, o porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Eujin Byun, lembrou que a guerra em curso no país fez dezenas de milhares de mortos e provocou a mais grave crise humanitária do mundo.

Citado pela agência francesa de notícias, France-Presse (AFP), Byun precisou que, até segunda-feira, 4.003.385 pessoas fugiram do Sudão como refugiados, requerentes de asilo ou repatriados.

Destes, acrescentou, 1,5 milhões de pessoas fugiram para o Egito, mais de 1,1 milhões para o Sudão do Sul --- incluindo cerca de 800 mil sudaneses do sul que eram refugiados no Sudão --- e mais de 850 mil de pessoas escolheram fugir para o Chade.

Este país pobre de África, onde o número de refugiados sudaneses mais do que triplicou desde o início da guerra, já acolhia mais de 400 mil refugiados sudaneses antes do início do conflito, e este número ultrapassa agora 1,2 milhões, o que "exerce uma pressão insustentável sobre a capacidade do Chade para responder às necessidades humanitárias", acrescentou a ONU.

"Temos de reagir", disse o coordenador do ACNUR no Chade, Dossou Patrice Ahouansou, intervindo na conferência de imprensa a partir de Amdjarass, no leste do país.

Um número crescente de refugiados tem atravessado a fronteira desde o final de abril, coincidindo com os ataques das FSR aos campos de refugiados situados em torno de El-Facher, a capital da província de Darfur.

Em pouco mais de um mês, 68.556 refugiados chegaram às províncias de Wadi Fira e Ennedi Oriental, no Chade, com uma média de 1.400 pessoas a atravessar a fronteira todos os dias nos últimos dias, acrescentou o responsável da ACNUR neste país africano.

Na intervenção citada pela AFP, Ahouansou disse que há uma grave falta de financiamento e os refugiados vivem em condições "deploráveis".

"Sem um aumento significativo do financiamento, não será possível prestar a ajuda vital na escala e à velocidade necessárias", avisou.

O terceiro maior país de África está a ser afetado, desde abril de 2023, por uma guerra pelo poder entre o general Abdel Fattah al-Burhane, chefe do exército e governante do país desde um golpe de Estado em 2021, e o seu antigo braço direito, Mohamed Hamdane Daglo, comandante das RSF.