A PSP transferiu um dos agentes envolvidos na morte de Odair Moniz para outra unidade, avança esta quinta-feira o jornal Expresso. Já o polícia que efetuou os disparos só será transferido quando se apresentar ao serviço.
A PSP não divulga o novo local de trabalho dos dois agentes, por “razões de segurança”, razões essas que, segundo a força policial, também justificaram as transferências.
Recorde-se que o agente que baleou Odair Moniz já foi ouvido pela Polícia Judiciária, mas por não estar presente um magistrado do Ministério Público, terá de voltar a ser interrogado.
Segundo o Expresso, o polícia terá afirmado, nessa altura, que houve um confronto físico com Odair Moniz, depois de uma fuga e perseguição policial, mas confessou que não houve qualquer tentativa de agressão com arma branca - ao contrário do que a PSP relatou no comunicado oficial.
O agente está acusado de homicídio simples, não havendo ainda data para voltar a ser ouvido.
Ministra chamada ao Parlamento
A audição da ministra da Administração Interna foi aprovada pelo Parlamento na quarta-feira. Margarida Blasco é chamada a prestar esclarecimentos sobre a morte de Odair Moniz, a atuação da PSP e os tumultos que se seguiram na Grande Lisboa.
As investigações da PJ e da Inspeção-Geral da Administração Interna ainda decorrem, um mês e meio depois do incidente que resultou na morte de Odair Moniz.
Tumultos acalmaram para afastar PSP dos negócios da droga
Ao Expresso, o superintendente-chefe Bastos Leitão - que chefiou a Divisão de Investigação Criminal da PSP durante quatro anos - explicou que os tumultos na Grande Lisboa acalmaram porque a forte presença policial dificultava “em muito” os negócios do tráfico de droga.
“Os líderes destes grupos criminosos não queriam ter a polícia por perto quando tinham de fazer o negócio no dia a dia. Os autocarros e caixotes de lixo queimados que obrigavam à presença constante da polícia estragavam-lhes os negócios”, disse.
De acordo com o jornal, várias fontes da PSP relataram ter registado 140 ações de distúrbios no final de outubro em retaliação pela morte de Odair. O episódio mais grave aconteceu num bairro em Loures, quando um motorista de um autocarro da Carris foi queimado e quase perdeu a vida.
Dois homens, Wilson Tavares Mendes e Pedro Daniel Quadros, de 22 e 23 anos, foram detidos há uma semana e acusados de tentativa de homicídio.
Alegados membros de um grupo criminoso responsável por vários assaltos, eram há um ano colocados atrás das grades em prisão preventiva, de onde acabariam por sair dois meses depois, a 30 de abril.