O primeiro-ministro reuniu-se esta terça-feira ao final da tarde com Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém, em Lisboa. O encontro foi confirmado pela presidência da República numa curta nota.

"O Presidente da República reuniu com o Primeiro-Ministro, ao fim da tarde de hoje, no Palácio de Belém", pode ler-se apenas. Não foi divulgada mais informação sobre a reunião.

Este encontro acontece após Marcelo ter lamentado, em declarações à SIC, o facto de Montenegro não ter falado consigo antes da comunicação ao país no sábado à noite, em que o chefe de Governo admitiu avançar com uma moção de confiança. "O primeiro-ministro tem direito de não ligar, mas podia ouvir a minha opinião", disse.

No sábado, entre a reunião de aconselhamento político e o início da reunião de Conselho de Ministros, Montenegro ficou na residência oficial cerca de 20 minutos, o que foi entendido por alguns como um tempo de espera para falar com o Presidente da República. No domingo, o Observador noticiou que Marcelo não tinha atendido Montenegro e, na segunda-feira, o próprio Presidente esclareceu que o telefonema só aconteceu depois da comunicação ao país.

Marcelo disse ter estado em Belém no sábado durante a tarde e que, quando o primeiro-ministro lhe ligou, já teria passado uma meia hora da comunicação ao país e o Presidente já tinha saído de Belém e não atendeu. O Presidente acrescentou ainda que vai manter-se em silêncio até ao debate da moção de censura já entregue pelo PCP e cuja discussão acontece esta quarta-feira à tarde.

Este debate está agendado para esta quarta-feira à tarde: é uma moção de censura ao Governo destinada ao chumbo, tendo em conta que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, já anunciou que não pretende viabilizá-la.

A moção, com o título “Travar a degradação nacional, por uma política alternativa de progresso e de desenvolvimento”, foi anunciada pelo PCP após o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter feito uma declaração ao país no sábado à noite na qual admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o executivo “dispõe de condições para continuar a executar” o seu programa.

Montenegro fez esta declaração após a notícia do Expresso sobre o facto de a empresa Spinumviva - até sábado detida pela sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e filhos -, receber uma avença mensal de €4500 do grupo Solverde, que representou como advogado antes de ser presidente do PSD.