"Este contrato significará um esforço financeiro e um investimento de cerca de 200 milhões de euros. Todavia, deste valor de 200 milhões de euros, perto de 75 milhões serão aplicados na indústria nacional, através de um conjunto de empresas que farão o 'upgrade' das aeronaves, reconfigurando-as para as exigências e os padrões técnicos e operacionais da NATO", disse Nuno Melo.
Nuno Melo falava nas instalações da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal, em Alverca, na cerimónia de assinatura do contrato entre o Estado português e a brasileira Embraer, que contou com a presença do ministro da Economia, Pedro Reis, para a aquisição de doze aeronaves A-29N Super Tucano, que chegarão a Portugal até 2026.
Em causa está um procedimento semelhante ao investimento feito nas aeronaves KC-390, também produzidas pela brasileira Embraer e nas quais foram introduzidas modificações para as adequar aos requisitos estabelecidos pelas alianças das quais Portugal faz parte, nomeadamente a NATO, Nações Unidas e União Europeia.
Estas modificações, certificadas pela Autoridade Aeronáutica Nacional, fazem com que as aeronaves possam ser adquiridas por outros países membros da NATO ou União Europeia, com lucro para o Estado português.
O ministro defendeu que está em causa um "modelo virtuoso" no qual se modernizam as Forças Armadas e são investidos recursos do Estado "também a crédito das empresas e da tecnologia portuguesas", salientando que atualmente as indústrias de Defesa englobam cerca de "300 empresas, 30 mil pessoas e 2,5% das exportações".
Com uma aeronave Super Tucano atrás de si, e na qual se sentou no 'cockpit', acompanhado pelo chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Cartaxo Alves, Nuno Melo fez questão ainda de sinalizar o retorno financeiro que este investimento terá no âmbito da formação de pilotos em Portugal.
"A partir do momento em que esta aeronave é adquirida, também com os simuladores que lhe respeitam, essa formação de pilotos, desde logo dos pilotos estrangeiros, dos países que comprarão estas aeronaves no futuro, essa formação acontecerá em Portugal. E Portugal nisso também terá receita, ou seja, tem o equipamento, desenvolve a indústria portuguesa, fixa em Portugal grande parte do investimento e na formação no futuro dos pilotos serão os estrangeiros a pagar a Portugal por esta nova tecnologia", detalhou.
Nuno Melo elogiou ainda a parceria com a Embraer e realçou que a empresa brasileira escolheu Lisboa para abrir o seu primeiro escritório na Europa, e que será inaugurado na terça-feira.
"São muito mais do que escritórios, estamos a falar de uma capacidade da Embraer que incorpora engenharia, incorpora a vertente comercial, incorpora muito mais, e que através de Lisboa garantirá a comercialização daquilo que é a Embraer na área da Defesa, para a Europa desde logo. E isso é muito importante para Portugal", sublinhou.
O chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Cartaxo Alves, destacou que "uma das grandes mais-valias deste projeto é que, como também está a ser utilizada a engenharia nacional neste desenvolvimento, a OGMA no futuro vai-se constituir como o centro de manutenção desta nova versão do Super Tucano para a Europa, para a Ásia e para a África".
Já o presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, Bosco da Costa Junior, agradeceu ao Governo e à Força Aérea pela confiança.
"O A29N trará novo impulso à revolução iniciada pelo KC390, que alçou a indústria aeronáutica portuguesa a um novo patamar de padrão mundial. O A29N passa agora a ser uma plataforma para a valorização da economia de defesa, alavancando exportações e oportunidades de negócio em cooperação com outros países na Europa e na NATO", afirmou.
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