
"Está estável, os operadores estão a regressar às suas atividades, mas continuamos atentos a qualquer tipo de movimentação que possa estar a perturbar a situação no Niassa", disse Cristóvão Chume, questionado pelos jornalistas sobre a situação na REN, à margem do seminário sobre 50 anos da Constituição da República de Moçambique.
Chume destacou os esforços do Governo para garantir a segurança e o funcionamento normal daquela reserva, após os ataques em abril e maio, por grupos de alegados terroristas, que já atuam desde 2017 na vizinha província de Cabo Delgado. A informação inicial apontou pelo menos dois mortos e dois desaparecidos, entre guardas florestais, contudo o Estado Islâmico reivindicou posteriormente, pelos seus canais de propaganda, três mortos no ataque naquela província.
As autoridades moçambicanas garantiram no final de maio que há "indicações claras" da fuga dos grupos armados que perpetraram os ataques na Reserva Especial do Niassa, apesar de reconhecer que permanece um "ambiente desafiante" naquela província.
"Continuamos ainda com um ambiente desafiante, mas temos indicações claras de que os insurgentes estão a deslocar-se para fora da reserva. Este cenário traz um sinal de esperança e abre espaço para pensarmos no futuro da área após este período de tensão", disse o diretor-geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Pejul Calenga.
Segundo o dirigente da ANAC, durante os ataques foram registadas mortes "tanto do lado do corpo de fiscalização como das Forças de Defesa e Segurança", embora sem quantificar.
Relativamente à situação da província de Cabo Delgado, o ministro da Defesa disse aos jornalistas que recentemente foram registados novos ataques, mas que entretanto foi restabelecida a segurança.
"Para quem acompanha a vida de Cabo Delgado nos últimos tempos tem visto a melhoria da situação de segurança não só pela força das Forças Armadas e de Defesa de Moçambique (...) De modo geral, a situação continua estável mas acompanhamos com muita seriedade a necessidade de melhorar a segurança", disse o ministro da Defesa, destacando a atuação da força local no combate aos supostos rebeldes.
"A Força Local continua a operar (...) e há dias entrou em contacto com o inimigo e tirou bons resultados do contacto, o que quer dizer que a Força Local continua a ter um papel preponderante no apoio às Forças de Defesa e Segurança", acrescentou Cristóvão Chume.
O acampamento de caça desportiva de Mariri, no Niassa, área que cobre oito distritos e que abrange também a província vizinha de Cabo Delgado, foi invadida por homens armados na tarde de 29 de abril, segundo relatos locais. Tratou-se do segundo caso de alegadas movimentações terroristas na REN, tendo o primeiro sido registado em 24 de abril, mas novas incursões registaram-se em maio.
O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, admitiu entretanto que os alegados terroristas que atuaram naquela reserva foram combatidos pelas forças armadas e "desapareceram" da região.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos naquela província, um aumento de 36% face ao ano anterior, indicam dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.
PME (PVJ) // VM
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