
Milton Teixeira aproveitou a sua intervenção na cerimónia comemorativa dos anos da elevação do Caniço a cidade para apontar algumas das “dores de crescimento” enfrentadas por aquela freguesia do concelho de Santa Cruz.
O “crescimento rápido” e “desmedido”, o congestionamento do trânsito, a falta de vagas de creche e pré-escolar e estado do Cristo Rei foram alguns dos problemas apontados, pelo autarca que termina este ano o seu mandato como presidente da Junta de Freguesia do Caniço.
“Não sei em condição, eu e o meu executivo, estaremos presentes na comemoração do 21º aniversário de elevação do Caniço. O mandato desta equipa que lidero termina no final de Setembro, princípio de Outubro, altura em que passaremos por um processo eleitoral, umas eleições, mas esteja quem estiver, que trabalhem por amor ao Caniço, que o façam com a dedicação, com o altruísmo e com o sentido de responsabilidade com que nós o fizemos”, manifestou Milton Teixeira em jeito de despedida.
O ainda presidente da junta insistiu também na revisão da Lei das Finanças Locais, para que a freguesia tenha um orçamento que acompanhe o crescimento. Uma questão já levantada, de resto, durante o seu mandato.
“O Caniço recebe do fundo de financiamento de freguesias um valor desadequado à nossa realidade. Crescemos 200% nos últimos 30 anos e continuamos com a mesma regra que atribui os financiamentos do estado central às freguesias de há 30 anos atrás. 30 anos separam as condições mas mantêm os critérios”, evidenciou Milton Teixeira.
“Exige-se uma revisão à Lei das Finanças Locais para que o Caniço receba o que precisa, o que merece”, reforçou o presidente da junta, apontando que existem “freguesias com menor área e menor densidade populacional, a receber quase o dobro do que recebe o Caniço”.
Neste ponto, Milton Teixeira apelou ainda à intervenção de Filipe Sousa, recentemente eleito como deputado à Assembleia da República pelo JPP. “Conto consigo para esta reivindicação”, declarou.
Do ponto de vista financeiro, o presidente da junta de freguesia disse ainda que o Orçamento do Caniço duplicou “graças aos contratos administrativos e outros contratos programa com a Câmara Municipal, subsídios e à receita dos campos de Padel”.
Numa outra nota, sublinhou que o Caniço “é já uma jovem, mas crescida cidade, que continua a ser a escolha de quem ainda tem uma vida pela frente”, pelo que urge solucionar alguns problemas decorrentes do facto de ser “uma das únicas freguesias a crescer em termos de população”.
“Somos a freguesia com mais nados-vivos, e as dores de cabeça que temos no início de todos os anos lectivos à conta da disponibilidade de vagas, principalmente nas valências de creche e pré-escolar, continuarão a existir para as nossas escolas e infantários pois a tendência é que se mantenha a nossa taxa de natalidade ou, quem sabe, possa até subir”, alertou, frisando que há “falta de resposta da rede pública” para solucionar este problema e que a alternativa ainda é “insuficiente”.
Na área do desporto, salientou a falta de infra-estuturas para responder o pontencial dos jovens atletas da freguesia. “O Caniço tem demonstrado provas dadas de competência, com a conquista de diversos títulos em diversos desportos e diversos escalões. E mais não fazemos por falta de infra-estruturas desportivas. Precisamos de mais um pavilhão, precisamos de um novo relvado no estádio do Grupo Recreativo Cruzado Canicense”, reivindicou.
“Precisamos também de mais áreas de desporto ao ar livre. Não podemos ter essas áreas ocupadas por bares em contentores”, acrescentou em tom crítico.
No que toca ao património, Milton Teixeira lamentou “profundamente o estado que se encontra o nosso Cristo Rei, o mais antigo Cristo Rei edificado”.
“Está aqui, no Caniço. Devia ser nosso! Mas não é! É de um privado, o que nos impossibilita legalmente de fazer qualquer restauro para que os nossos turistas e locais, possam voltar a ter orgulho do monumento e apreciar a sua beleza. Temos um marco, um ponto de referência, vedado com placas de zinco”, expôs.
Na cultura, destacou o apoio da junta à Banda Filarmónica do Caniço e Eiras e à Associação Cultural Sons da Tradição, defendendo que sejam criadas “condições para aumento de manifestações culturais e aproveitar o excelente trabalho que as nossas escolas fazem nesta área”.
Na habitação, Milton Teixeira reconheceu que o Caniço sofre “dos mesmos problemas que sofre o resto da Região”. Leia-se: “Habitação e arrendamentos a preços proibitivos para as nossas famílias e jovens casais que pretendem iniciar a sua vida e constituir família”.
Paralelamente, realçou que é necessário minimizar os impactos do “crescimento rápido e de certa maneira, desmedido” da cidade do Caniço.
“Tenho sido crítico relativamente ao trânsito que os canicenses enfrentam na via rápida todos, ou quase todos os dias, e reafirmo que temos todos de nos sentar e falar deste assunto de forma encontrar solução a médio prazo”, concluiu.