Javier Milei foi este sábado qualificado como o responsável "por uma revolução cultural num país amigo que sabe que o trabalho é o único antídoto contra a pobreza". Foi deste modo que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, apresentou o Presidente argentino num congresso das juventudes de ultradireita (Atreju) organizado este sábado em Roma. Milei não se fez esperar e, perante gritos e aplausos, declarou com a pompa habitual: "Temos de estar à altura do momento histórico e a forma mais eficaz de o fazer é estando juntos, estabelecendo canais de cooperação no mundo, retomando a ideia de que o mal organizado se vence mediante a organização dos bons."

Citado pelo diário espanhol "El País", o Presidente argentino disse ser necessário "rejeitar os atropelos do socialismo com uma internacional de direita", e apelou a que esta seja "como uma legião romana que se impõe sempre sobre os exércitos maiores, precisamente porque ninguém rompe a formação." Milei deu o exemplo da Argentina, onde a falta de organização [da direita] se "pagou caro", com "todo um século de humilhação". Isto porque "a esquerda prefere reinar no inferno do que servir o céu. Se tiverem que transformar o céu num inferno, irão fazê-lo, por isso temos de responder com uma força maior".

Javier Milei culminou deste modo uma visita a Itália na qual Giorgia Meloni, que há um mês esteve na Argentina, outorgou a Javier Milei e à irmã deste, Karina, secretária-geral da Presidência, a cidadania italiana, num gesto que Meloni justificou pelos antepassados calabreses dos Milei, mas que a oposição criticou duramente. Riccardo Magi, do partido Mas Europa, disse mesmo que a concessão de passaporte aos Milei era "um insulto" e uma "discriminação intolerável" perante as dificuldades em obter a nacionalidade italiana que hoje enfrentam os filhos dos imigrantes nascidos no país.

Em fevereiro, recorda o "The Guardian", Milei havia dito numa entrevista televisiva que se "sentia 75 por cento italiano", porque três dos seus avós partilhavam essa origem, responsável pela sua "incrível paixão pela ópera italiana".