
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia, Kestutis Budrys, avisou esta quarta-feira que, após o ataque mortal da semana passada em Sumy, a Rússia tem "algo ainda pior" planeado para o domingo de Páscoa.
"Não tenho dúvidas sobre isso", sublinhou Kestutis Budrys numa entrevista à agência de notícias lituana ELTA, citada pela Europa Press.
"Não tenho dúvidas de que nos vão preparar algo ainda pior na Páscoa. Talvez seja esse o ponto de viragem, e diremos: 'Ok, temos de aumentar as sanções'" à Rússia, defendeu.
O ministro lituano acredita, no entanto, que os ataques como os de Sumy podem servir como uma espécie de incentivo para acelerar certos processos relacionados com a Ucrânia, como a sua adesão à União Europeia.
"Se não abrirmos blocos de negociação com a Ucrânia neste semestre, se nos dividirmos em relação às sanções, não poderemos mais falar sobre qualquer subjetividade geopolítica para a UE nem sobre ter qualquer influência no mundo", considerou o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Budrys questionou ainda a postura de alguns países europeus em relação à Ucrânia e lamentou a forma como têm atrasado a implementação de novas sanções.
"Para ser sincero, nem sei de que lado é que estão", lamentou.
"É necessário muito esforço para garantir que as decisões são preparadas e adotadas", adiantou o ministro, sublinhando que a Lituânia está a fazer todos os possíveis para garantir que o próximo pacote de sanções está pronto para a próxima reunião do Conselho dos Negócios Estrangeiros, que se realiza esta sexta-feira em Bruxelas.
O pacote de sanções que deverá incluir a energia nuclear russa, o gás e a chamada frota paralela, que Moscovo tem usado para contornar as restrições económicas.
As forças armadas russas atacaram no domingo passado ('Domingo de Ramos') o centro da cidade de Sumy, no nordeste da Ucrânia, provocando a morte de pelo menos 35 pessoas e ferindo mais de 100 pessoas, incluindo 15 crianças, de acordo com dados fornecidos pelos Serviços de Emergência da região.
Numa declaração divulgada na televisão ucraniana, o porta-voz da organização, Oleg Strilka, revelou que sete dos mortos eram menores.
O ataque gerou consternação na Ucrânia e as autoridades apelaram urgentemente aos Estados Unidos para que tomem medidas decisivas contra a Rússia para forçar o Kremlin a pôr fim aos ataques.
Este ataque foi deplorado por vários líderes internacionais e instituições, entre os quais o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que se manifestou "profundamente alarmado e chocado".
["O ataque perpetua] uma série devastadora de ataques semelhantes a cidades e aldeias ucranianas nas últimas semanas, que causaram vítimas civis e destruição em grande escala", afirmou Guterres.
A Rússia garantiu, no entanto que os seus ataques na Ucrânia visam exclusivamente "alvos militares ou quase militares", tendo o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, acusado Kiev de utilizar civis como "escudos humanos".
Em março, Kiev concordou com um cessar-fogo total de 30 dias, mas Moscovo tem recusado e, até agora, apenas foi acordada uma trégua contra o sistema energético - cujo prazo termina hoje - e uma trégua contra o sistema marítimo no Mar Negro, embora nenhuma delas esteja a ser cumprida.
Com Lusa