
O Partido Liberal liderado pelo primeiro-ministro canadiano Mark Carney falhou o objetivo de uma maioria absoluta no Parlamento, projetou a televisão pública Canadian Broadcasting Corporation.
Segundo a projeção, os liberais ficarão com 169 lugares no parlamento, pouco aquém dos 172 necessários para uma maioria absoluta na câmara legislativa de 343 lugares.
O apuramento dos resultados das legislativas canadianas ainda não é definitivo, prosseguindo a contagem nos dois últimos círculos eleitorais.
A comissão eleitoral Elections Canada disse que prossegue ainda a contagem de boletins especiais, de eleitores que estão fora dos seus distritos durante a eleição, que poderá ainda afetar o resultado em cerca de uma dúzia de distritos.
Acordo com partidos pequenos em cima da mesa
Os liberais, que derrotaram os conservadores de Pierre Poilievre, poderão formar maioria com o apoio de um dos partidos mais pequenos representados na câmara baixa.
Entre os potenciais parceiros estão o Bloco do Quebeque - que poderá ficar em terceiro lugar e que é um partido separatista do Quebeque francófono que procura a independência do Canadá; ou os Novos Democratas, um partido progressista.
Poilievre esteve na liderança das sondagens até que o Presidente norte-americano, Donald Trump, visou o Canadá com uma guerra comercial e ameaças de o anexar como 51º estado.
O conservador não só perdeu a candidatura a primeiro-ministro na segunda-feira, como perdeu o lugar no Parlamento que ocupou durante 20 anos.
Poilievre, um político de carreira, fez campanha com argumentário e retórica semelhante às de Trump, adotando o slogan "Canadá Primeiro".
A truculência de Trump enfureceu os canadianos, levando muitos a cancelar as férias nos Estados Unidos, a recusar-se a comprar produtos americanos e permitindo um recorde de 7,3 milhões de canadianos que votaram ainda antes do dia das eleições.
Carney, que já compareceu perante os apoiantes do Partido Liberal, em Otava, para celebrar a vitória - prometeu governar "com todos os partidos, todos os territórios e com a sociedade civil", acrescentando que tenciona negociar uma nova relação bilateral com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"Superámos o choque da traição americana, mas nunca devemos esquecer as lições", disse Carney.
"Não são ameaças vazias. O Presidente Trump está a tentar destruir-nos para que os Estados Unidos nos possam dominar. Isso nunca... nunca acontecerá. Mas também precisamos de reconhecer a realidade de que o nosso mundo mudou fundamentalmente", assegurou Carney.
Para além da guerra comercial com os Estados Unidos e da relação tensa com Trump, o Canadá está a lidar com uma crise de custo de vida.
Durante a campanha, Carney prometeu que cada dólar angariado pelo Governo com tarifas compensatórias sobre os produtos dos Estados Unidos será atribuído aos trabalhadores canadianos que são negativamente afetados pela guerra comercial.
Com LUSA