A morte de George Floyd por um polícia branco nos EUA faz hoje cinco anos e deu início ao movimento antirracista Black Lives Matter e ao aumento da consciencialização da discriminação dos negros, agora enfraquecida com Trump.

Americanos de todo o país estão hoje a homenagear George Floyd, com eventos especiais na cidade onde cresceu e naquela onde morreu.

O assassinato deste homem negro, em Minneapolis, pelo polícia Derek Chauvin, levou a protestos nacionais contra o racismo e a brutalidade policial, recorda a BBC.

A família de Floyd reuniu-se na cidade natal, Houston, perto do túmulo de Floyd, para um evento liderado pelo reverendo Al Sharpton, enquanto Minneapolis realizou várias celebrações, com serviço religioso, vigília à luz de velas e um concerto gospel.

Os eventos fazem parte do festival anual Rise and Remember, que se realiza na George Floyd Square, o cruzamento onde Floyd foi assassinado e que, entretanto, recebeu o nome em sua honra.

"Agora é a altura de as pessoas se levantarem e continuarem o bom trabalho que iniciámos", disse Angela Harrelson, tia de Floyd e copresidente da organização sem fins lucrativos Rise and Remember.

Em Houston, onde Floyd cresceu e está sepultado, estão planeadas sessões de poesia, atuações musicais e discursos de pastores locais.

O que muitos saudaram como um "ajuste de contas" nacional com o racismo após a morte de Floyd, no entanto, parece estar a desaparecer à medida que o Presidente, Donald Trump, no segundo mandato, começa a reverter as reformas policiais em Minneapolis e noutras cidades, de acordo com os media.

"Não consigo respirar" foram as últimas palavras proferidas por Floyd enquanto o polícia pressionava o joelho contra o seu pescoço durante vários minutos e serviram de "grito de guerra" que, juntamente com um vídeo do sucedido, desencadearam a explosão de protestos que se espalharam pelos EUA e não só, com milhões de pessoas a exigir o fim do racismo, reformas no policiamento e o corte de fundos para a polícia.

Floyd, um homem negro pobre de 46 anos, envolveu-se num pequeno incidente quando um funcionário chamou a polícia e o acusou de comprar cigarros com uma nota falsa, após o que foi detido. A morte de Floyd passou a ser um símbolo contra o racismo.

Chauvin foi condenado a 22 anos de prisão por homicídio e mais 21 por violar os direitos civis de Floyd.

A sua morte desencadeou uma série de protestos exigindo o fim da violência contra os negros e gritando Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). As pessoas saíram às ruas nos EUA e em mais de 60 países, um dos maiores protestos da história recente do país, apesar da pandemia.

Cinco anos depois não foram feitas alterações significativas e as mortes sob custódia policial continuam a ocorrer desproporcionalmente entre os afro-americanos, com 2,8 vezes mais probabilidades do que os brancos de morrer nestas circunstâncias.

Segundo o The New York Times, desde 2015, as mortes violentas às mãos da polícia por 100.000 pessoas foram de 6,8 nativos americanos e 6,7 afro-americanos, contra 2,9 hispânicos e 2,5 brancos.

Entretanto, orçamentos da polícia foram cortados em alguns locais, proibiram-se métodos de estrangulamento, as polícias receberam formação sobre discriminação, as instruções em como agir durante um confronto com um suspeito foram reescritas e o uso de câmaras corporais implementado.

Embora o Black Lives Matter tenha lançado luz sobre as injustiças, o regresso de Trump à Casa Branca parece ter minado os esforços do movimento: o seu Departamento de Justiça rejeitou processos contra vários departamentos de polícia que surgiram durante a Administração de Joe Biden e anulou outros acordos que visavam garantir a responsabilização e a reforma.

"A decisão do tribunal de encerrar as investigações é uma perigosa traição aos direitos civis", afirmou a organização de defesa dos direitos civis Latino Justice.