
Emanuel Gaspar expressou, hoje, “um veemente protesto” pela demolição do antigo Solar do Engenho, na freguesia do Porto da Cruz, em Machico. "O edifício datava do século XIX e era um ícone da época áurea da produção sacarina, do século XIX", sublinha o professor e dirigente do JPP.
“Fica para a posteridade o obscurantismo cultural e a ignorância de quem autorizou a infeliz e irresponsável demolição”, afirmou Emanuel Gaspar, citado em nota de imprensa.
O dirigente partidário realça também que "o que irá surgir no lugar de memória do solar é uma incógnita", apontando todavia que "correm rumores de que poderá erguer-se ali uma unidade hoteleira".
Emanuel Gaspar nota que o espaço em causa trata-se de “um lugar de risco” e diz que “não deveria ser permitido construir debaixo da arriba instável, de onde está sempre a cair pedras”.
Mas, no caso de o investimento ir em frente, o historiador lamenta que não tivessem sido ponderadoras outras soluções. “Se quisessem construir o hotel, podiam simultaneamente preservar e recuperar o solar, integrando-o no projecto, como existem bons exemplos na Madeira”, advoga. Como exemplos refere os hotéis da Quinta Jardins do Lago, da Quinta da Casa Branca ou da Quinta Bela Vista.
"Era até uma mais-valia para o empreendimento turístico tirar partido das pré-existências arquitectónicas e históricas, preservando a singularidade”, reforça o professor e historiador, lamentando “o descontrolo das entidades na obrigação que têm de preservar a identidade e o património".
Emanuel Gaspar lembra que o Solar do Engenho estava inventariado pela Associação de Arqueologia e Defesa do Património da Madeira (ARCHAIS), num trabalho de investigação conjunto da sua autoria e do antigo dirigente daquela associação e hoje líder do JPP, o arqueólogo Élvio Sousa.
“A demolição do solar foi uma má notícia que recebi, com muita mágoa, esta manhã”, vinca Emanuel Gaspar, que se associa ao protesto público do JPP.
Um notável Solar com as suas cantarias, arcos pétreos, azulejos, torre avista-navios, calçada madeirense e centenárias árvores. Foi demolido inexoravelmente! Uma triste perda para a nossa identidade, memória e património arquitectónico
O historiador reforça que "o Solar do Engenho, datado do séc. XVIII, encontrava-se ainda em relativo bom estado de conservação e estruturalmente estável, constituía a única associação entre engenho e solar tão característico da arquitectura sacarina madeirense".