
Paloma Shemirani morreu em julho de 2024, aos 23 anos, vítima de cancro, depois de ter rejeitado a quimioterapia.Segundo os irmãos, a decisão foi fortemente influenciada pela mãe, Kate Shemirani, uma ex-enfermeira e ativista conhecida pelas suas posições radicais contra a medicina convencional.
"A nossa mãe convenceu a Paloma de que os médicos iriam matá-la. Disse-lhe que a quimioterapia era veneno", afirmou Gabriel, irmão gémeo da jovem à BBC.
Em vez de seguir os tratamentos clínicos prescritos, Paloma adotou métodos alternativos promovidos pela mãe, baseados em enemas e sumos vegetais.
Os irmãos, Gabriel e Sebastian, tentaram intervir. Chegaram inclusive a contactar advogados para forçar a jovem a receber tratamento médico, mas foram informados de que, sendo maior de idade e mentalmente capaz, Paloma tinha o direito de decidir.
"Disseram-nos que não havia nada a fazer enquanto ela estivesse viva", explicou Sebastian. "Quando finalmente a justiça agiu, já era tarde demais."
Irmãos exigem que mãe seja responsabilizada
Paloma morreu em casa, de paragem cardíaca, provocada pela progressão do tumor. Contudo, especialistas asseguram que o tipo de cancro da jovem era curável, caso fosse tratado com a intervenção médica adequada.
Agora, os irmãos exigem que mãe seja responsabilizada pela morte da irmã e apelam a uma regulamentação mais rigorosa dos conteúdos médicos nas redes sociais.
"Não se deveriam fazer afirmações médicas que vão contra o consenso científico, e deveria existir um órgão independente que responsabilizasse as plataformas quanto aos conteúdos médicos", afirmou Gabriel.
"A nossa irmã morreu por acreditar em mentiras. Não queremos que mais ninguém sofra o mesmo destino", acrescentou.
"A nossa mãe usava o medo e a desinformação para controlar"
De acordo com Gabriel e Sebastian, as posições radicais e as teorias da conspiração da mãe sempre estiveram presentes, mas intensificaram-se a partir de 2012, quando foi diagnosticada com cancro da mama. Embora o tumor lhe tenha sido removido cirurgicamente, a ex-enfermeira passou a afirmar que a sua recuperação se devia, acima de tudo, às terapias alternativas que adotou, rejeitando o papel da medicina convencional.
A partir daí, segundo os irmãos, Kate começou a tentar impor ainda mais essas ideias aos filhos, promovendo uma visão de desconfiança em relação à ciência, aos médicos e a qualquer forma de autoridade médica.
Segundo os irmãos, Paloma foi a única que nunca se conseguiu libertar da influência da mãe.
"A nossa mãe usava o medo e a desinformação para controlar. A Paloma acreditava que estava a proteger-se, mas na verdade estava a morrer", disse Gabriel.
Kate Shemirani diz que filha"nunca foi forçada"
Nas redes sociais, Kate Shemirani já reagiu às acusações dos filhos e garante que a filha "nunca foi forçada".
Para Kate Shemirani, a filha morreu devido a "uma cadeia de graves erros médicos, violações da lei de consentimento, falsificação de registos médicos e o uso imprudente de medicamentos de emergência".