A data limite para apresentar a candidatura a estas eleições terminou hoje e, como já era expectável, José Luís Carneiro foi o único a avançar para esta corrida eleitoral interna, confirmou à agência Lusa fonte oficial do PS.

Um dia depois da pesada derrota do PS nas eleições legislativas de 18 de maio, que ditou a demissão de Pedro Nuno Santos logo na noite eleitoral, o ex-ministro sinalizou, numa nota enviada à Lusa, que estaria disponível para servir o PS e Portugal e considerou que o partido devia fazer "uma reflexão profunda" e abrir um novo ciclo.

Os ex-ministros Duarte Cordeiro, Fernando Medina ou Mariana Vieira da Silva cedo se puseram fora da corrida, bem como o ex-candidato à liderança do PS Daniel Adrião e o ex-secretário de Estado Miguel Prata Roque.

Na apresentação da candidatura, que decorreu no último fim de semana na sede do PS, em Lisboa, José Luís Carneiro apelou à união interna no partido, sem "golpes recíprocos" ou ficar a olhar para dentro, assegurando que não fará "ataques pessoais e superficiais na praça pública".

No mesmo discurso prometeu que, sob a sua liderança, o PS será "determinado e enérgico na oposição" perante o que considerar retrocessos, mas também não terá receio em "promover consensos democráticos".

O calendário eleitoral do país não ficou de fora da sua intervenção de apresentação e José Luís Carneiro avisou que é o PS que define a hierarquia das suas prioridades e que a primeira são as autárquicas, referindo sobre as presidenciais em 2026 que "cada coisa a seu tempo".

Sem nunca citar o nome do ex-líder do PS António José Seguro, que nessa semana tinha anunciado que será candidato a Belém, José Luís Carneiro apontou que "as autárquicas serão já em fins de setembro, princípio de outubro", e "as presidenciais serão só em 2026".

De acordo com os tópicos da moção da candidatura, o dirigente socialista quer "repensar o PS e a sua relação com o país" e defende "consensos democráticos" em cinco áreas de soberania, incluindo "uma reforma eleitoral a começar pelas autarquias".

Segundo estas linhas gerais, a moção estará "em evolução com o objetivo de recolher os contributos da sociedade portuguesa" e o objetivo do dirigente socialista é "repensar o PS e a sua relação com o país".

Será ainda lançada uma reflexão que tem por base "ouvir e dar voz às pessoas".

Carneiro manifesta ainda disponibilidade para "consensos democráticos" em cinco áreas de soberania nas quais considera ser natural que estes existam: política externa e europeia, defesa, segurança, justiça e organização do Estado.

Nas eleições legislativas de 18 de maio, o PS ficou reduzido a 58 deputados e passou a ser a terceira força política no parlamento, apesar de se manter em segundo lugar em termos de percentagem de votos, por uma curtíssima margem de distância em relação ao Chega.

As eleições diretas para escolher o novo secretário-geral do PS vão decorrer em 27 e 28 de junho, como previa o calendário proposto pelo presidente do partido, Carlos César, que foi aprovado na Comissão Nacional de 24 de maio com 201 votos a favor e cinco contra.

 

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