A jornalista italiana Cecilia Sala libertada pelo Irão, onde estava detida desde 19 de dezembro, regressou esta quarta-feira a Roma, sendo recebida no aeroporto de Ciampino pela primeira-ministra, Giorgia Meloni, que enalteceu a sua força ao longo das últimas semanas.
À chegada ao aeroporto, Sala, acompanhada pelo diretor dos serviços secretos italianos, Giovanni Caravelli, que se deslocou pessoalmente a Teerão para a ir buscar, tinha à sua espera os seus pais, o companheiro, também jornalista e correspondente de guerra, a chefe de Governo, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Antonio Tajani, e o presidente da Câmara de Roma, Roberto Gualtieri, tendo Meloni dirigindo-lhe algumas palavras.
"Agora só tens de manter a calma. Estou aqui para te agradecer e para te dizer que foste forte", declarou Meloni, com as mãos pousadas sobre os ombros de Cecilia Sala.
"Olá, estou de volta!"
Já a jornalista, ao abraçar-se ao pai no reencontro em Roma, regozijou-se por "este parêntesis finalmente ter acabado".
Aos colegas do Chora Media, um portal na Internet que produz 'podcasts' para o qual trabalha, enviou um curto áudio no qual diz simplesmente "Olá, estou de volta!".
Em declarações à imprensa, o pai da jornalista, emocionado, afirmou estar "orgulhoso dela" e elogiou "o excelente trabalho" do Governo italiano, comentando ter tido "a impressão durante este período de que se tratava de um jogo de xadrez, mas em que não havia apenas dois jogadores", numa alusão ao facto de a detenção da filha em Teerão estar relacionada com as acesas disputas entre o Irão e os Estados Unidos.
A libertação de Cecilia Sala, cuja situação era seguida com muita atenção em Itália, merecendo ampla cobertura mediática, é considerada uma grande vitória da diplomacia italiana, num trabalho que envolveu o Ministério dos Negócios Estrangeiros e os serviços secretos italianos, tendo o desfecho merecido uma invulgar ovação de todas as bancadas no parlamento, com os partidos da oposição a elogiarem também o trabalho diplomático do Governo de direita e extrema-direita dirigido por Meloni.
"Violação das leis da República Islâmica na base da detenção
O Governo italiano anunciara esta quarta-feira a libertação de Cecilia Sala, detida em 19 de dezembro no Irão por alegadamente ter "violado as leis" da República Islâmica, mas, apesar dos desmentidos de Teerão, muitos analistas consideram que a sua detenção está relacionada com a do engenheiro italiano Mohammad Abedini, três dias antes, no aeroporto de Milão-Malpensa, a pedido dos Estados Unidos, onde é acusado de fornecer componentes de 'drones' à Guarda Revolucionária Iraniana.
De acordo com a imprensa italiana, Teerão poderá ter utilizado a detenção da jornalista italiana numa tentativa de negociar melhores condições para Abedini, designadamente conseguir que Roma não extradite o engenheiro para os Estados Unidos.
O ministro da Justiça italiano, Carlo Nodio, garantiu à tarde que nunca foi discutida a libertação do iraniano detido e que a sua eventual extradição para os Estados Unidos dependerá da avaliação que vai ser feita "segundo parâmetros meramente jurídicos".
Com LUSA