O funeral de Estado do ex-presidente norte-americano Jimmy Carter realiza-se esta quinta-feira, na Catedral de Washington, onde se espera a presença do cessante Joe Biden, do eleito Donald Trump e de outros antigos dirigentes do país e também estrangeiros. Na quarta-feira, milhares de norte-americanos enfrentaram longas filas e temperaturas negativas para uma última homenagem.

Portugal vai fazer-se representar pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Está igualmente prevista a presença dos três antigos governantes norte-americanos: Bill Clinton, George W. Bush e Barack Obama.

Nos últimos dias, os restos mortais do antigo governante têm estado em câmara ardente no Capitólio, num espaço onde tradicionalmente têm lugar as despedidas das grandes personalidades do país.

Andrew Harnik

Na quarta-feira, milhares de norte-americanos enfrentaram longas filas e temperaturas negativas em Washington para uma última homenagem ao ex-presidente Jimmy Carter, falecido a 29 de dezembro e de quem enalteceram a "integridade" e "humanidade" que pautaram o seu mandato.

O manto de neve que cobre a capital norte-americana e a sensação térmica a rondar os 10 graus celsius negativos não intimidaram milhares de pessoas, que se alinharam no exterior do Capitólio dos Estados Unidos para conseguirem prestar tributo ao antigo Presidente democrata (1977-1981).

Uma dessas pessoas foi Jack Tucker, um ex-piloto do Marine One, o helicóptero de transporte presidencial, que chegou a transportar Jimmy Carter e que contou à Lusa que tinha no antigo Presidente "um ídolo".

"Desde 1978 a 1980 eu fiz parte do esquadrão do Marine One e tive a oportunidade de interagir um pouco com o Presidente Carter e de servi-lo. Ele era o meu ídolo. As memórias que tenho dele são todas relativas ao maravilhoso homem que ele era, o quão gentil, generoso, atencioso e amoroso ele era", contou Tucker, enquanto esperava numa longa fila para entrar no Capitólio.

Jon Cherry

Questionado sobre as principais diferenças entre os políticos da geração de Carter e os de agora, o ex-piloto de 78 anos, da Virgínia, respondeu: "São diferentes como da noite para o dia".

Karen Tucker, mulher de Jack, também estava na fila para prestar uma última homenagem a Jimmy Carter, cujas qualidades admitiu sentir falta na política americana.

"Sinto falta da sua integridade e genuinidade. Ele viveu até aos 100 anos e nunca teve ninguém a questionar a sua integridade e lealdade. A vida dele foi pautada pela excelência em tudo", disse à Lusa Karen, de 80 anos.

O público poderá prestar as suas homenagens até 07h00 (hora local, 12h00 em Lisboa) desta quinta-feira.

Marko Djurica

"Estou aqui porque quero mostrar o meu respeito à família Carter e ao Presidente Carter por uma vida bem vivida. Ele fez tanto nos seus 100 anos e por isso quis vir aqui", começou por explicar à Lusa Heidi Chamberlain, uma moradora de Maryland de 60 anos.

A norte-americana destacou que sente hoje falta do "civismo" e da "bondade" que eram uma constante na política do seu país no passado.

"O Presidente Carter tinha altos padrões e altos princípios e eu realmente apreciava isso."

Sobre as baixas temperaturas que teve de enfrentar para prestar homenagem a Carter, Heidi assumiu não estar "minimamente incomodada".

"Tenho que dizer que perdi a minha mãe há dois anos e eu sei que se ela estive viva hoje, ela estaria aqui nesta fila, sem dúvida. Então, eu senti que tinha de estar aqui também", acrescentou.

"Os políticos de hoje poderiam aprender muito com o Carter"

Bem mais novo, mas também sujeito a temperaturas negativas estava Simon, um escuteiro de 11 anos que contou à Lusa que viajou desde a Virgínia até Washington com os pais e com o irmão mais novo para homenagear o antigo líder norte-americano.

"É a minha primeira vez num evento de homenagem a um Presidente que morreu e eu queria muito ver como seria e dar as minhas condolências à família. Está muito frio, mas já estou habituado e estou bem agasalhado", disse o escuteiro.

Entre os milhares de norte-americanos que rumaram a Washington para "honrar o Presidente Carter" estava também Ben Parker, de 64 anos, que exaltou a "sinceridade e humanidade" do líder falecido aos 100 anos.

"Os políticos de hoje poderiam aprender muito com o Carter."

As homenagens a Jimmy Carter começaram no sábado na sua cidade natal, Plains (estado da Geórgia), e na terça-feira o seu corpo foi transferido para Washington a partir de uma capela funerária instalada no Centro Presidencial Carter, em Atlanta.

À chegada à capital norte-americana, o caixão de Carter foi transportado em procissão até às escadarias do Capitólio e foi instalado na emblemática Rotunda, onde aguardavam a vice-presidente do país, Kamala Harris, e o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson.

Jemal Countess


- Com Lusa