"No final da reunião, o primeiro-ministro deu instruções ao chefe da Mossad [serviços secretos estrangeiros], ao chefe do Shin Bet [serviços secretos internos], ao general da reserva Nitzan Alon e ao seu conselheiro para a política externa, Ophir Falk, para se deslocarem a Doha, a fim de continuarem a promover um acordo para a libertação dos nossos reféns", afirmou o gabinete do líder do Governo, num comunicado citado pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
Netanyahu reuniu-se em Jerusalém com o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, e com vários responsáveis da segurança israelita, num encontro que teve também a presença do enviado especial do Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para o Médio Oriente, Steve Witkoff, e de um representante do governo cessante dos EUA.
Esta decisão foi saudada pelo Fórum das Famílias, a principal associação de familiares dos reféns, que realiza manifestações todos os sábados à noite nas principais cidades do país para exigir a sua libertação.
"Apelamos à delegação para que aproveite esta oportunidade histórica para garantir a libertação de todos os nossos entes queridos", afirmou o Fórum em comunicado, no qual acrescenta: "Que façam tudo o que estiver ao seu alcance para regressar com um acordo que permita o regresso de todos os reféns, até ao último deles".
As negociações indiretas entre Israel e o movimento palestiniano Hamas foram retomadas no fim de semana passado no Qatar, com vista a um cessar-fogo em Gaza, mas Israel não se fez representar por altos funcionários.
Segundo várias fontes israelitas citadas pela AFP, estas conversações centram-se na libertação dos reféns raptados durante o ataque sem precedentes do grupo islamita Hamas ao território israelita, a 7 de outubro de 2023.
A notícia do envio de dois altos dirigentes israelitas surge horas depois de a agência espanhola de notícias, a EFE, ter noticiado que o acordo estava para breve.
Citando uma fonte do grupo palestiniano Hamas, a EFE noticiava que os mediadores estão à espera da chegada a Doha de uma delegação israelita, para "a sua aprovação das alterações finais" ao texto do acordo, que poderá estar "na fase final".
O último projeto estipula, numa primeira fase, a retirada total das tropas israelitas do Corredor de Filadélfia - a fronteira entre a Faixa de Gaza e a Península do Sinai, no Egito - bem como a retirada "parcial" de diferentes pontos do enclave palestiniano.
Durante este período, as forças israelitas serão autorizadas a manter "postos de controlo" em Gaza, enquanto no último dia da terceira fase, as forças de ocupação deverão efetuar "uma retirada total" do enclave.
Esta fonte da EFE não entrou em pormenores sobre a proposta e disse que a grande maioria das divergências sobre a troca de reféns em Gaza por prisioneiros palestinianos nas prisões israelitas tinha sido resolvida, embora advertindo que existem "discrepâncias" nalguns pontos e sobre a própria redação do acordo.
A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque de 7 de outubro de 2023, que provocou a morte de 1.208 pessoas, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
Nesse dia, 251 pessoas foram raptadas. Destas, 94 continuam reféns em Gaza, 34 das quais foram declaradas mortas pelo exército.
Mais de 46.000 pessoas, principalmente civis, foram mortas na campanha militar israelita de represálias em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
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