O comandante de uma unidade de elite do Hezbollah foi morto, esta sexta-feira, num "ataque seletivo" das forças israelitas nos arredores de Beirute, disse uma fonte próxima do grupo libanês pró-iraniano.

"O ataque israelita teve como alvo o chefe da força Al-Radwan, Ibrahim Aqil, que foi morto", disse a fonte não identificada à agência francesa AFP. A informação foi confirmada, ainda, pelo exército israelita. Ibrahim Aqil era o número dois do poderoso grupo militar do Hezbollah. O chefe militar, Fouad Chokr, foi morto num ataque semelhante nos subúrbios do sul de Beirute, um reduto do Hezbollah, a 30 de julho.

"Sob a direção precisa da Divisão de Inteligência, os caças da Força Aérea atacaram a área de Beirute e mataram Ibrahim Aqil, o chefe de operações da organização terrorista Hezbollah", afirma um comunicado militar, que indica outras baixas não especificadas na organização xiita.

Em resposta ao "bombardeamento seletivo" realizado horas antes pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), a milícia xiita libanesa efetuou novos ataques contra posições militares israelitas no norte do país.

Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, o ataque provocou 14 mortos e mais de meia centena de feridos. As equipas da Defesa Civil libanesa procuram sobreviventes nos escombros de dois edifícios atingidos pelo bombardeamento israelita nos subúrbios do sul de Beirute, conhecidos como Dahye, um importante reduto do grupo xiita Hezbollah.


O movimento islamita palestiniano Hamas condenou o ataque israelita nos arredores de Beirute contra o seu aliado libanês Hezbollah. Também o Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão condenou o bombardeamento, referindo que foi um ato "brutal e cruel".


Apesar da confirmação de 14 mortes pelo Ministério da Saúde do Líbano, o exército israelita diz que eliminou "cerca de dez comandantes do Hezbollah". "Tivemos como alvo os responsáveis pelos ataques diários com 'rockets' [contra Israel]. Ibrahim Aqil, bem como comandantes de alto nível da força Radwan. Cerca de dez comandantes foram mortos", afirmou o porta-voz das forças israelitas, Daniel Hagari.


Presidente israelita afirma que país não queria a guerra com o Hezbollah

O Presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou que o seu país "não queria esta guerra", referindo-se aos confrontos com o Hezbollah, mas argumentou que os israelitas têm o direito de viver em paz. Nas redes sociais, o chefe de Estado afirmou que seu país tem o direito de "viver como qualquer outro povo, em paz, segurança e tranquilidade".

O Presidente indicou também que a ofensiva israelita contra o território libanês visa garantir "os direitos mais básicos de qualquer nação" também para Israel e que os residentes retirados do norte do país podem regressar às suas casas.

"Ontem (quinta-feira) à noite, assistimos às ações precisas e impressionantes da força aérea israelita contra o Hezbollah. Não há dúvida de que, ainda hoje, o mundo sabe - tanto os nossos inimigos como os nossos amigos - que temos uma força aérea feita de aço", acrescentou. Herzog quis ainda reafirmar a determinação israelita em "derrotar o terrorismo".

Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, garantiu: "Os nossos objetivos são claros e as nossas ações falam por si", afirmou numa mensagem divulgada pelo seu gabinete na rede X.

Outras notícias que marcaram o dia:


⇒ A organização não-governamental Amnistia Internacional defendeu uma investigação internacional para responsabilizar os autores das explosões de dispositivos eletrónicos no Líbano e na Síria, que esta semana fizeram pelo menos 37 mortos e mais de três mil feridos.

⇒ O ministro da Defesa de Israel assegurou que os ataques desta "nova fase" da guerra contra a milícia xiita libanesa Hezbollah continuarão até os israelitas deslocados das comunidades fronteiriças do norte do país poderem regressar a casa. "A série de operações da nova fase da guerra continuará até atingirmos o nosso objetivo: garantir o regresso seguro das comunidades do norte de Israel às suas casas", declarou Yoav Gallant num comunicado, horas depois do bombardeamento israelita.

⇒ A ONU exortou as partes em conflito no Médio Oriente a reduzirem as tensões e a usarem da máxima contenção, após o ataque do Exército israelita no sul da capital libanesa. “Também instamos as partes a regressarem imediatamente ao cessar-fogo e a aplicarem plenamente a resolução 1701 do Conselho de Segurança. A região está à beira de uma catástrofe", declarou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, numa conferência de imprensa.

⇒ O primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, atrasará em um dia a partida para Nova Iorque, inicialmente prevista para a próxima quarta-feira, devido à situação de insegurança no norte de Israel, indicou fonte do gabinete."[Netanyahu] adiou por um dia a sua visita aos Estados Unidos devido à situação de segurança no norte de Israel", onde o exército enfrenta repetidos ataques de foguetes do Hezbollah libanês, disse o funcionário. "Por enquanto, espera-se que o primeiro-ministro deixe Israel na quarta-feira, 25 de setembro, em vez de terça-feira, 24 de setembro", acrescentou.