O Irão e os Estados Unidos iniciaram hoje, em Roma, a quinta ronda de negociações nucleares, com posições muito afastadas devido a divergências sobre o enriquecimento de urânio iraniano, que Washington quer travar.

As conversações começaram cerca das 13:45 locais (12:45 em Lisboa), segundo os meios de comunicação social iranianos, citados pela agência de notícias espanhola EFE.

A reunião realiza-se na residência do embaixador de Omã em Roma e é mediada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do sultanato, Badr bin Hamad al Busaidi, que atua como intermediário entre os dois países.

De acordo com a televisão estatal iraniana, a delegação de Teerão não conta com peritos técnicos nesta ronda como no passado, uma vez que procura clarificar a posição dos Estados Unidos.

Washington identificou o "enriquecimento zero" do Irão como "linha vermelha", enquanto o Irão afirma que não haverá acordo se esta exigência for mantida, algo que reiterou hoje.

"Zero armas nucleares = [é igual] temos um acordo. Enriquecimento zero = NÃO temos acordo", escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros e principal negociador iraniano, Abbas Araqchi, nas redes sociais, antes de partir para Roma.

"É tempo de decidir", acrescentou, numa aparente mensagem dirigida à parte norte-americana, liderada pelo enviado especial para o Médio Oriente, Steve Witkoff.

As tensões entre os dois países aumentaram depois de Witkoff ter dito ao canal norte-americano ABC, no domingo, que o enriquecimento de urânio pelo Irão é uma "linha vermelha" para Washington.

O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, classificou na terça-feira a posição dos Estados Unidos sobre o enriquecimento de urânio como absurda e previu que as negociações com o seu arqui-inimigo não seriam bem-sucedidas.

Apesar das tensões, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acredita que o diálogo nuclear com o Irão está "no bom caminho", disse na quinta-feira a porta-voz presidencial, Karoline Leavitt.

A porta-voz referiu que Trump falou sobre as conversações com o Irão numa conversa telefónica com o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

"Discutiram um possível acordo com o Irão, que o Presidente acredita estar a avançar na direção certa", disse Leavitt numa conferência de imprensa.

Os dois países iniciaram as negociações em 12 de abril e tiveram a anterior reunião em 11 de maio, que ambas as partes descreveram como "encorajadora e útil".

Os países ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, e Israel há muito que suspeitam que o Irão pretende adquirir armas nucleares.

Teerão rejeita as alegações e defende ter o direito à energia nuclear para fins civis, nomeadamente energéticos.

Um anterior acordo com o Irão foi concluído em 2015, mas caducou com a decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do pacto em 2018, durante o seu primeiro mandato presidencial (2017-2021).

O acordo envolvia também a China, a França, a Rússia, o Reino Unido e a Alemanha, e limitava o programa nuclear do Irão em troca do levantamento das sanções económicas.

Desde que regressou à Presidência, em janeiro, Trump apelou ao Irão para negociar um novo texto, mas ameaçou bombardear o país se a diplomacia falhasse.