Dois generais de topo das forças armadas iranianas foram confirmados como mortos nos ataques israelitas ao país, informou hoje a televisão estatal iraniana.

A televisão identificou as vítimas como o general Gholamreza Mehrabi, adjunto da chefia de informações do Estado-Maior das Forças Armadas, e o general Mehdi Rabbani, vice-chefe das operações, sem especificar onde estes responsáveis morreram.

Os ataques israelitas de sexta-feira causaram a morte de vários altos responsáveis das forças armadas iranianas, incluindo o chefe do Estado-Maior do Exército e o comandante da Guarda Revolucionária Iraniana.

O Irão lançou ataques de retaliação com mísseis e drones contra Israel na madrugada de hoje, matando pelo menos três pessoas e ferindo dezenas, após uma série de ataques israelitas intensos contra o coração do programa nuclear iraniano e as suas forças armadas.

De acordo com as autoridades, a ofensiva israelita envolveu aviões de combate e drones que terão sido introduzidos clandestinamente no Irão antecipadamente, visando instalações-chave.

O embaixador iraniano junto das Nações Unidas afirmou que os ataques causaram 78 mortos e mais de 320 feridos.

Israel justificou os bombardeamentos como necessários para travar o avanço do Irão na construção de uma arma nuclear, embora especialistas e o próprio governo dos EUA tenham concluído que Teerão não estava, antes dos ataques, a trabalhar ativamente nesse sentido.

Em resposta, o Irão lançou vagas de drones e mísseis balísticos contra Israel, iluminando os céus noturnos de Jerusalém e Telavive, e abalando edifícios.

O exército israelita pediu à população, já traumatizada por 20 meses de guerra após o ataque do Hamas em 07 de outubro, que procurasse abrigo durante horas.

Os ataques israelitas colocaram em causa as negociações entre os EUA e o Irão sobre o programa nuclear, que deviam prosseguir no domingo em Omã.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano afirmou que, após os ataques, essas conversações "deixaram de fazer sentido".

"O lado norte-americano agiu de forma a tornar o diálogo inútil", afirmou Esmail Baghaei, citado pela televisão estatal. Acrescentou que Israel "ultrapassou todas as linhas vermelhas" do Irão ao cometer um "ato criminoso".

Apesar disso, não confirmou o cancelamento das negociações. A agência noticiosa Mizan, ligada ao poder judicial iraniano, citou Baghaei a dizer: "Ainda não está claro o que decidiremos sobre as conversações de domingo".

A escalada entre Israel e o Irão aumentou o receio de uma guerra aberta entre os dois países, agitando ainda mais uma região já instável. Diversos países condenaram os ataques de Israel, enquanto líderes internacionais apelaram à contenção imediata.

Durante anos, Israel ameaçou um ataque deste tipo, algo que sucessivos governos norte-americanos procuraram evitar, receando desencadear um conflito regional de grandes proporções --- além de considerarem ineficaz atacar um programa nuclear disperso e fortemente protegido.

Contudo, a sequência de acontecimentos após o ataque do Hamas em outubro de 2023, aliada à reeleição de Donald Trump, criou as condições para que Israel levasse a cabo a sua ameaça. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, declarou que os EUA foram informados antecipadamente.

Netanyahu revelou que o ataque estava a ser planeado há meses e deveria ter ocorrido em abril, mas foi adiado.

Donald Trump exortou o Irão a chegar a acordo com os EUA sobre o seu programa nuclear, avisando na rede Truth Social que os ataques israelitas "só irão piorar".