
O embaixador iraniano na ONU afirmou hoje, perante o Conselho de Segurança, que Teerão vai decidir "o momento, a natureza e a escala da resposta proporcional" ao ataque dos Estados Unidos na última madrugada contra o seu país.
Durante uma reunião de urgência nas Nações Unidas solicitada pelo Irão, Amir Saeid Iravani acusou Washington de lançar uma guerra "sob pretextos absurdos e fabricados", referindo-se aos bombardeamentos norte-americanos contra instalações nucleares iranianas.
O representante do Irão alertou que o seu país se reserva "o pleno e legítimo direito de se defender contra a agressão insolente dos Estados Unidos e do seu peão israelita", sem dirigir, no entanto, nenhuma ameaça concreta.
Referindo-se ao primeiro-ministro israelita, "mais uma vez, o criminoso de guerra procurado [Benjamin] Netanyahu conseguiu manter refém" a política externa norte-americana, "arrastando os Estados Unidos para outra guerra onerosa e injustificada".
Amir Saeid Iravani prosseguiu acusando Washington de "escolher imprudentemente sacrificar a sua própria segurança para proteger Netanyahu", e exortou o Conselho de Segurança da ONU a "condenar veementemente a agressão flagrante, as violações e os crimes hediondos cometidos contra a República Islâmica do Irão", bem como a punir os seus responsáveis. "Os Estados Unidos, membro permanente deste Conselho, (...) recorreram mais uma vez à força ilegal, lançaram uma guerra contra o meu país, sob pretextos absurdos e fabricados: para impedir o Irão de adquirir armas nucleares", criticou.
O diplomata iraniano retratou o seu país como "um membro fundador e amante da paz das Nações Unidas, com cinco mil anos de cultura e civilização", que acaba de ser atacado pelo "único Estado que alguma vez utilizou armas nucleares, matando milhões de pessoas".
Amir Saeid Iravani criticou ainda a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA, responsável pela inspeção das instalações nucleares), e associou a França, a Alemanha e o Reino Unido a um comportamento hipócrita e de "duplo padrão" ao ignorarem que Israel, embora nunca o tenha reconhecido oficialmente, possui "milhares de ogivas nucleares".
As declarações do representante na ONU surgem depois de um conselheiro do líder supremo iraniano, Ali Khamenei, considerar que "já não há lugar para os Estados Unidos" no Médio Oriente e ameaçar com ataques às bases usadas pela aviação norte-americana para bombardear instalações nucleares do Irão. "Qualquer país na região ou em qualquer outro lugar utilizado pelas forças norte-americanas para atacar o Irão será considerado um alvo legítimo para as nossas Forças Armadas", declarou Ali Akbar Velayati, citado pela agência noticiosa oficial IRNA.
Aviões norte-americanos bombardearam hoje de madrugada três instalações nucleares no Irão, juntando-se à ofensiva lançada por Israel em 13 de junho, justificada pela criação iminente de uma bomba nuclear, o que é refutado por Teerão.
Poucas horas depois, o Irão lançou cerca de 40 mísseis contra Israel, acusando os Estados Unidos de destruir as possibilidades de uma solução diplomática para a questão nuclear.
Em conferência de imprensa hoje no Pentágono, o secretário da Defesa norte-americano comentou que os Estados Unidos "não pretendem entrar em guerra" com o Irão, mas avisou que vão agir "rápida e decisivamente" caso os seus interesses sejam ameaçados por Teerão como forma de retaliação.